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Arquitetura dos produtos e suas acessibilidades

HELOÍSA PAIONE

Produtos são criados e produzidos todos os dias. Por trás de tudo que é lançado, existem muitas pesquisas buscando entender e sintetizar para que  o produto vai servir, como será produzido e, uma das coisas mais importantes, quem vai comprá-lo. Algumas vezes um dos desafios encontrados no caminho de produção é como esse produto pode ser acessível para o maior número possível de pessoas, independente de suas condições, sejam essas o uso predominante da mão esquerda ou direita ou até a falta de algum membro do corpo.


Produtos específicos para canhotos 


Um dos obstáculos mais comuns é a adaptação de produtos simples para canhotos, que são uma minoria na população. Essa condição não impossibilita a execução de nada em específico, mas certamente dificulta alguns processos que não seriam um desafio para os indivíduos destros. Um exemplo frequente, não somente na rotina de estudantes, mas de qualquer pessoa que queira fazer anotações, é o caderno com espiral. Para que não incomode os pulsos enquanto a escrita é feita, o caderno é projetado “ao contrário”, de forma que a espiral esteja à direita. Outros objetos que também foram adaptados por conta de dificuldades de manuseio foram o violão, a tesoura, o mouse e até canetas. Um dos responsáveis por dar início a essas modificações  foi José Bornancini, que foi titular de uma patente de tesoura de costura que tinha seus cabos plásticos feitos de uma forma anatômica, que se adequasse à mão do usuário, a fim de proporcionar máximo conforto e controle do corte. De início essas adaptações não foram feitas para os canhotos, mas sim para que a utilização dos objetos fosse confortável a qualquer usuário. Mais para frente, surgiram as tesouras específicas para canhotos, que possuíam um custo mais elevado, por serem feitas em baixa escala, no entanto posteriormente os preços diminuíram.


Figura 1


Produtos específicos para deficientes físicos no dia a dia.


Se, para uma pessoa sem deficiências, o uso de objetos simples pode ser difícil, imagine para alguém que usa cadeira de rodas. Esse tipo de condição não é raro e, por conta disso, se torna cada vez mais comum encontrarmos rampas de acessibilidade em prédios comerciais ou supermercados. A rampa rolante foi um “upgrade” das rampas comuns, as quais exigiam muita força dos usuários cadeirantes. A primeira esteira rolante patenteada foi registrada pelo inventor Alfred Speer, em 1881, e se espalhou pelo mundo, permitindo que mais cadeirantes tivessem sua vida facilitada. A ideia que originou essa invenção foi a escada rolante, mas esta também não permitia o acesso para todas as pessoas, já que alguém em uma cadeira de rodas, por exemplo, não conseguia se acomodar nos espaços proporcionados pelos degraus. É interessante ver como algo que é muito importante para um deficiente físico também ajuda aqueles que não são. Um exemplo é o uso da rampa em supermercados, para movimentar-se com carrinhos, ou em aeroportos, para deslocar as bagagens. 


Felizmente as rampas rolantes podem se tornar mais comuns nos próximos anos por serem consideradas uma ótima alternativa para a mobilidade urbana e também por receberem muitos incentivos de arquitetos e urbanistas. Essas esteiras seriam como grandes túneis onde os pedestres poderiam passar, percorrendo longas distâncias sem ter que andar. Alguns exemplos de lugares que já possuem várias dessas imensas esteiras são Vitória, na Espanha; Hong Kong, no Japão; e projetos futuros em Salvador, no Brasil. Além de facilitar o transporte de deficientes físicos, tal tecnologia organiza a concentração de pessoas nas calçadas e nas ruas 


Figura 2


Adaptações para deficientes nos esportes.


Apesar de, em alguns jogos esportivos, vermos adaptações em relação às regras, foram criados produtos para tornar possível a participação de atletas em esportes como o vôlei.


Como já se deve imaginar, a mudança é feita na rede, que passa a ter de 1,05m a 1,15m de altura,  permitindo que as regras sejam adequadas à mobilidade de jogadores com deficiência e proporcionando a inclusão deles. 


O jogo é feito sentado, chamando-se vôlei sentado, para que nenhum jogador esteja em desvantagem, e é dividido em duas categorias: a de participantes com deficiência severa – que apresentam deficiências acentuadas relacionadas à locomoção, por exemplo, pernas ou braços amputados –,  e a de participantes com deficiência leve – que apresentam deficiências menos acentuadas, por exemplo, pequenas amputações dos membros.


Esporte que não seria possível sem esse modelo de rede:

Figura 3

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