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Vácuo: O Quase Vazio e Inexplorado Fundo do Universo

  • Esther Anjo
  • 10 de abr.
  • 5 min de leitura

Fisicamente, o vácuo é uma região do espaço com pressão extremamente baixa e densidade de matéria quase inexistente. Isso se deve ao fato de que praticamente tudo no nosso vasto Universo é composto por átomos e partículas, ainda que em quantidades muito pequenas. Por essa razão, o vácuo é tratado como "vácuo parcial", uma vez que, se fosse absoluto, estaria completamente livre de qualquer tipo de partícula ou radiação.


Agora, vamos embarcar em uma jornada mais profunda acerca do tema em questão, trazendo algumas propriedades e curiosidades desse imenso vazio (ou não) que habita e compõe o Universo.


Há dois modelos de vácuo existentes na história da física até agora. São eles:

  • Vácuo Clássico: conceituado pela física clássica, é o sinônimo de "vazio", no qual a ausência de matéria é considerada total. Não há propagação do som, e a pressão é considerada quase desprezível. Embora essa definição tenha sido aceita na física clássica, com o surgimento da física quântica, foi necessário revisá-la.

  • Vácuo Quântico: na física quântica, o vácuo é definido como o estado fundamental de energia mínima de um sistema físico. Embora não existam partículas visíveis, há flutuações constantes e imprevisíveis de energia, que podem gerar pares de partículas virtuais. Essas partículas não podem ser detectadas diretamente e não existem de maneira permanente, mas possuem efeitos mensuráveis para a física.


Algumas de suas principais propriedades

  • Espaço quase vazio: é uma região do espaço onde a presença de partículas ocorre de maneira diferente do que estamos acostumados a ver; elas aparecem e desaparecem, além da presença de radiação.

  • Flutuações Quânticas: pequenas variações de energia, partículas minúsculas e suas antimatérias surgem por um pequeno instante e depois desaparecem. Elas não podem ser detectadas diretamente, seus limites de aparecer e desaparecer ficam submetidos aos limites impostos pela incerteza.

  • Radiação Cósmica: o vácuo é preenchido por uma radiação que se acredita ser do início da formação do Universo, chamada de radiação cósmica de fundo. Essa é uma das formas mais antigas de energia e está presente em praticamente todo o Universo.

  • Campo de Higgs: um campo especial presente no vácuo que dá massa às partículas. Sem ele, as partículas não teriam massa, o que impossibilitaria a formação de matéria como a conhecemos.

  • Energia do Vácuo: uma energia residual, mesmo sem matéria visível, ela está lá, influenciando o comportamento do universo. Acredita-se que ela esteja relacionada à energia escura, que está acelerando a expansão do universo.

  • Efeito Casimir: o vácuo pode gerar uma força entre objetos. Quando duas superfícies muito próximas são colocadas nele, elas se atraem devido às flutuações de energia do espaço. Esse efeito mostra que o vácuo pode ter um impacto físico real.

  • Propagação da luz: no vácuo, a luz viaja em sua máxima velocidade, sem ser interrompida ou dissipada totalmente por algo.

  • Propriedades do Espaço-Tempo: o vácuo não é só "vazio", mas também tem a capacidade de ser curvado pela presença de massa e energia, afetando a gravidade e o comportamento do universo. Isso é explicado pela teoria da relatividade de Einstein.

  • Expansão do universo: o vácuo está presente no processo de expansão do universo. À medida que o universo se expande, o vácuo se distribui, o que influencia a maneira como o espaço e a matéria se organizam.


Curiosidades

Uma das curiosidades mais fantásticas relacionadas ao vácuo é sua relação com os buracos negros. O interior deles pode ser considerado um vácuo, haja vista que nada pode escapar de sua atração gravitacional, de acordo com as teorias físicas. Dentro de um buraco negro, a densidade de matéria é tão extrema que as leis da física, como as conhecemos, entram em colapso. O vácuo ao redor de um buraco negro não é um vazio no sentido clássico, pois em sua região de atração — em torno do seu disco de acreção — todas as partículas que são atraídas ou "puxadas" por ele preenchem aquele espaço.


Ao redor de um buraco negro, as flutuações quânticas podem ser ainda mais intensas devido à curvatura do espaço-tempo, e isso pode dar origem a radiações, como a radiação de Hawking, que, acredita-se, pode levar à evaporação do buraco negro ao longo de um longo período de tempo.

Outra questão interessante é que o vácuo pode ser mais quente do que parece. Embora o vácuo seja um lugar no espaço com temperaturas muito próximas ao zero absoluto — o que é importante para a formação de novas estrelas, pois o pó e o gás começam a se condensar e formar novas estruturas —, em alguns pontos, ele apresenta temperaturas acima desse quase zero absoluto devido à radiação cósmica de fundo.


Mais um ponto intrigante é o fato de o vácuo não estar estático; ele está em movimento, por mais que não pareça. Há uma velocidade constante devido à sua composição de partículas flutuantes, campos energéticos e interações. O vácuo não é um simples vazio; essa composição dele o faz estar em movimento, com uma fascinante natureza quântica e os fenômenos cósmicos que o compõem.


O estudo do vácuo, como demonstrado em resumo ao longo deste artigo, é um dos temas mais fascinantes e complexos ao mesmo tempo, além de transcender dimensões, abrange desde noções clássicas até aspectos dinâmicos vindos da física moderna. Um “local” que podemos dizer que evoluiu em duas distintas definições, sendo apresentado como vazio sem matéria até um imenso espaço com partículas com uma dinâmica denominadas de virtuais, que flutuam e ajudam a causar toda a dinâmica do nosso grande meio não vazio.


Curiosamente, nosso objeto de estudo ainda possui uma grande influência na expansão do Universo, através de sua energia escura que acelera a expansão cósmica. Por fim, a exploração contínua do vácuo e de suas propriedades oferece um campo vasto e promissor para futuras pesquisas. Com o aprimoramento de tecnologias e teorias mais avançadas, como a gravidade quântica e a teoria das cordas, esperamos descobrir mais sobre o verdadeiro comportamento do vácuo e sua influência sobre a origem e evolução do universo. A compreensão do vácuo será, sem dúvida, um dos pilares para decifrar os mistérios mais profundos da física moderna e a natureza do cosmos. 




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Confirmado: a matéria é resultado de flutuações do vácuo quântico. Inovação Tecnológica, 2021.


[2] SBF. Físicos analisam modelos para flutuações quânticas do vácuo. Sociedade Brasileira de Física, 2021.


[3] TECNOLOGIA NO MUNDO. Vácuo: o espaço não está tão vazio quanto você imagina. TecMundo, 2021.


[4] AGÊNCIA FAPESP. Pesquisa teórica prevê 'despertar' do vácuo com efeitos macroscópicos. Agência FAPESP, 2021.


[5] GALILEU. Cientistas provam que o vácuo do universo não é tão vazio assim. Revista Galileu, 2016.


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