Marie Curie foi uma cientista pioneira em radioatividade que fez história na ciência feminina.
Maria Salomea Sklodowska Curie nasceu em 7 de novembro de 1867 em Varsóvia, Polônia,. Maria era filha de dois professores e, graças a eles, se apaixonou pela Ciência, pela matemática e pelo aprendizado. Após a repentina morte de sua mãe por tuberculose e a morte de sua irmã mais velha, Zofia, por tifo, o pai de Maria perdeu o emprego.. Para sustentar a família, ele passou a trabalhar como professor particular de meninos e dar aulas em sua residência. Nesse mesmo período, Maria foi para um internato, porém, após ter um colapso, seus professores sugeriram uma pausa nos estudos e um descanso periódico , acatando a sugestão, a jovem foi morar na casa de campo de sua família. Anos depois, em 1884, Maria e Bronia, uma de suas irmãs mais velhas, começaram a frequentar a Flying University, uma instituição educacional secreta para mulheres, pois não tinham o direito de estudar em uma instituição regular de ensino superior. Quando se formaram na escola, as irmãs optaram por ingressar na Universidade Sorbonne, na França, em razão da mesma aceitar mulheres. Devido às dificuldades econômicas da família, Bronia foi enviada primeiro. Enquanto sua irmã estava na universidade, Maria trabalhou como governanta da família Zorawski. Ela era amada e bem tratada por todos até conhecer o filho mais velho da família, Kazimierz Zorawski. Os dois se apaixonaram, mas devido ao fato de Marie ser governanta da casa, a família do garoto não aceitou o relacionamento e fez com que ela abandonasse o emprego. Depois de alguns anos aprendendo ciência sozinha, Maria foi aceita na Universidade Sorbonne e se mudou para Paris. Ela morou lá compartilhando alojamento com Bronia e seu cunhado Kazimierz Dluski, até decidir alugar para si uma pequena casa perto da instituição de ensino. Ela teve dificuldades vivendo em um lugar tão pequeno com pouco dinheiro, mas pelo menos estava estudando sua paixão e vivendo seu maior sonho!
Depois de se formar, Maria, agora Marie, trabalhou em laboratório com Gabriel Lippmann, um físico, inventor e ganhador do prêmio Nobel de Física por seu método de reproduzir cores fotograficamente com base no fenômeno de interferência. Durante sua carreira científica, Marie conheceu Pierre Curie, um físico francês que a ajudou a ter um espaço maior para trabalhar e, conforme a convivência, se tornou seu interesse amoroso. Após algum tempo de coleguismo, ele a pediu em casamento, sendo rejeitado por Marie em primeiro momento, que havia ido visitar a família na Polônia. Porém, depois de receber uma carta de Pierre, Marie foi convencida a voltar e aceitou o pedido de casamento que antes recusara.
Figura 1: Maria e seu marido Pierre logo após o casamento
Depois que se casaram, a cientista decidiu se aprofundar no Urânio, elemento descoberto por Henri Becquerel. Usando o eletrômetro do marido, ela descobriu um tipo diferente de força, algo que ninguém havia visto antes. A posteriori, o eletrômetro mostrou que a pechblenda, um mineral rico em Urânio, era quatro vezes mais ativa que o próprio urânio; e a calcolita, outro mineral de urânio, era duas vezes mais ativa que o próprio elemento. Ela concluiu que esses minerais continham outra substância: a radiação. Pierre então se juntou a ela em seu trabalho, e eles anunciaram em 1898 que haviam descoberto um novo elemento científico, que deram o nome de Polônio, que para descobrirem, isolaram sais de Rádio radioativo do mineral Pechblenda. O nome foi determinado em homenagem à Polônia, terra natal de Marie. Mais tarde, no mesmo ano, o casal anunciou um segundo elemento: o Rádio, referindo-se à radiação. Em 1903, o casal Curie foi convidado à Royal Institution de Londres para fazer uma apresentação sobre o Rádio, porém, como Marie era mulher, apenas Pierre foi autorizado a falar. Um tempo depois, o trabalho do casal Curie e de Henri Becquerel recebeu o prêmio Nobel de física. Marie e seu marido inicialmente recusaram-se a ir a Estocolmo para receber o prêmio, devido às suas responsabilidades associadas ao seu trabalho e porque Pierre estava cada vez mais doente. Contudo, dois anos depois, em 1905, eles finalmente aceitaram a viagem, mas apenas o marido de Sklodowska recebeu o prêmio.
Figura 2: Marie trabalhando em seu laboratório em Paris
O físico francês Pierre Curie foi contratado como professor na Universidade Sorbonne, permitindo-lhes ter um laboratório maior e melhor. Em 1906, Maria perdeu seu amado marido em um acidente de carruagem, após ele ter seu crânio esmagado na tragédia. Como o contato com o Rádio enfraqueceu seus ossos e o deixou doente, Pierre não conseguiu se proteger e acabou morrendo no incidente. Sklodowska foi então contratada como professora na Universidade Sorbonne com a mesma disciplina de Pierre, sendo a primeira mulher a lecionar na França. Após uma tentativa fracassada de ter seu próprio laboratório, Marie Curie, juntamente com Pierre Paul Émile Roux (diretor do Instituto Pasteur, uma fundação francesa dedicada ao estudo da biologia, microrganismos, doenças e vacinas) e a Universidade Sorbonne, financiou o Instituto do Rádio, um laboratório de radioatividade. Em 1911, foi revelado que Marie estava envolvida em um caso de amor com um colega de laboratório, Paul Langevin, que na época era casado. A notícia resultou num escândalo gigantesco em Paris, até que ela recebeu outro prêmio Nobel: o Prêmio Nobel de Química. Ela conquistou o prêmio pela descoberta do Rádio e do Polônio e pelo sucesso no isolamento do Rádio, mas devido ao escândalo do caso amoroso, o comitê do Nobel a impediu de comparecer à cerimônia. Mesmo assim ela aceitou o prêmio e respondeu que ganhou a medalha por suas descobertas científicas, algo que não tinha nada a ver com sua vida pessoal. Durante a Primeira Guerra Mundial, Marie e sua filha mais velha, Irene, serviram para cuidar dos soldados feridos. Anos mais tarde, em 4 de julho de 1934, Maria Sklodowska Curie morreu de anemia aplástica, que se acredita ser devida à sua exposição prolongada à radiação. Ela foi enterrada ao lado do marido Pierre e, anos depois, em 1965, eles foram transferidos para o Panteão de Paris, em homenagem às suas conquistas.
Neste ano de 2023, Maria Sklodowska Curie completaria seus 156 anos; 156 anos revolucionando a ciência e dando voz a muitas mulheres desde sua época até hoje. Marie conseguiu conquistar seu título não somente com sua inteligência, como também perseverança e luta pelo feminismo, superando a carência de dinheiro, de laboratório apropriado para trabalhar e de respeito pela academia científica, em função de seu gênero. Curie foi o primeiro passo para que, hoje, as mulheres sejam respeitadas na ciência ao redor do mundo inteiro. Todas as mulheres têm o direito de fazer história no mundo e ela foi uma das razões por isso. Durante sua vida, Marie foi julgada, negada pela ciência, sofreu perdas de familiares muito cedo e foi motivo de escândalo por um bom tempo na França. Ainda assim, isso não a impediu de ser uma das cientistas mais admiradas e inspiradoras de todos os tempos.
Figura 3: Estátua em homenagem a Maria Sklodowska Curie em Warsaw
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