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Simulador da gĂȘnesis do Universo: Acelerador de PartĂ­culas

  • Foto do escritor: Sophia Ramalli
    Sophia Ramalli
  • 21 de jan. de 2022
  • 13 min de leitura

O aparelho capaz de observar sub-partĂ­culas como os quarks e os bĂłsons de Higgs


Ao perguntar a qualquer indivĂ­duo se jĂĄ viu o clĂĄssico sĂ­mbolo da QuĂ­mica, a primeira imagem que aparece em sua mente Ă© a seguinte:


E nĂŁo Ă© Ă  toa que essa seja a inesquecĂ­vel representação de uma das ĂĄreas mais importantes para o desenvolvimento da ciĂȘncia com o passar do tempo. O conhecimento da organização de um ĂĄtomo em um nĂșcleo feito de prĂłtons e nĂȘutrons rodeado de uma nuvem de elĂ©trons negativamente eletrizados Ă© graças ao cientista Ernest Rutherford - o qual, em 1911, fez o primeiro acelerador de partĂ­culas da histĂłria.

Por mais que o nome desse tal aparelho dĂȘ a impressĂŁo de que se trata de algo complexo, o experimento de Rutherford Ă©, na verdade, um dos mais estudados na escola e provavelmente vocĂȘ, leitor, jĂĄ deve tĂȘ-lo visto. Usando uma fonte radioativa para liberar partĂ­culas alfa em direção a uma folha de ouro e uma chapa de sulfeto de zinco para observar as suas trajetĂłrias que teoricamente atravessariam essa fina camada, houve a descoberta de que algumas dessas partĂ­culas eram refletidas e esbarravam nos pequenos componentes dentro dos ĂĄtomos de ouro.

Considerando que somente com cargas elétricas iguais haveria essa repulsão, foi concluído que teriam partículas menores compondo a estrutura do åtomo, as quais teriam cargas elétricas opostas, além da neutralizada, uma vez que algumas passariam pela folha ao se encontrarem com uma partícula de carga oposta dentro da camada, enquanto outras repeliriam-se ao se defrontarem com uma partícula de mesmo sinal. Assim, essa descoberta possibilitou um primeiro entendimento do Universo Quùntico - isto é, um mundo onde as grandezas físicas assumem valores mínimos e os eventos são incapazes de serem observados a olho humano.


Estrutura do Acelerador de PartĂ­culas de Rutherford

A dinĂąmica de um acelerador de partĂ­culas Ă© relativamente simples: enquanto um campo elĂ©trico torna-se responsĂĄvel por acelerĂĄ-las, o campo magnĂ©tico possui a função de deixĂĄ-las na trajetĂłria correta. A estrutura do sistema Ă© composta de um tubo de vĂĄcuo, ou seja, um dispositivo que controla a eletricidade dos prĂłtons e elĂ©trons. No inĂ­cio dela, hĂĄ uma fonte geradora de Ă­ons por meio de descargas elĂ©tricas altĂ­ssimas. Normalmente, ioniza-se ĂĄtomos de hidrogĂȘnio, uma vez que geralmente hĂĄ apenas um prĂłton, um nĂȘutron e um elĂ©tron.

Esses íons passam por placas compostas de cargas positivas ou negativas e que possuem buracos para que eles possam se mover continuamente. Quando um íon de carga positiva aproxima-se de uma placa, ela obrigatoriamente terå que ser negativa, jå que sinais opostos se atraem. A próxima placa haveria de ser positiva, contudo quando a carga chega mais próxima a ela, ela troca o seu sinal, atraindo-a portanto e fazendo com que haja um movimento ininterrupto. Além disso, com a mudança de sinal, a placa que era negativa passa a ser positiva a fim de repelir a carga que estå indo em direção à placa seguinte e acelerar o processo.



Exemplificação do processo de aceleração das cargas ao passarem por placas eletrizadas positivamente ou negativamente.

Quanto mais cargas existem em uma placa, maior é a força de atração dela com o íon, logo é favoråvel ao sistema que se tenha o måximo possível de cargas nas placas. Todavia, hå que tomar cuidado para que não se cause uma descarga elétrica por passar o limite da quantidade de cargas nelas.

Por mais abstrata que seja a ideia de haver íons circulando entre placas, esse processo ocorre em vårios aparelhos utilizados pelo ser humano, como os aparelhos de radiografia e radioterapia do cùncer, além do mais famoso deles - a televisão a cabo a qual dispunha de tubos de raios catódicos, ou seja, o mesmo que um feixe de elétrons, que é deflexionado por campos magnéticos e acelerado por campos elétricos a fim de formar uma imagem em uma tela coberta de fósforo.

Olhando de uma forma mais detalhada, temos primeiramente o cĂĄtodo (1), o qual se aquece ao passar por uma corrente elĂ©trica, o que causa a emissĂŁo de elĂ©trons. O revestimento condutivo (2) leva esse feixe de elĂ©trons (5) atĂ© o Ăąnodo (3), que Ă© um polo positivo de bateria que atrai esses elĂ©trons. A tendĂȘncia dos elĂ©trons Ă© de se encaminhar ao centro da tela, por isso hĂĄ bobinas de direcionamento, as quais criam os campos magnĂ©ticos que movem o feixe tanto na horizontal quanto na vertical. Com a diferença de potencial, esses campos podem variar, fazendo com que os elĂ©trons sejam espalhados por toda a tela.

A pergunta que nĂŁo quer calar Ă©: Mas qual Ă© o motivo de usarmos fĂłsforo para revestir a tela? O que acontece Ă© que quando esse material Ă© exposto Ă  luz, ele emite luz visĂ­vel em uma cor especĂ­fica. Como hĂĄ trĂȘs tipos de fĂłsforo, hĂĄ a emissĂŁo de trĂȘs tipos de luz: a vermelha, a azul e a verde. Assim, para iluminar essas cores, tambĂ©m sĂŁo emitidos trĂȘs feixes de elĂ©trons.


1- CĂĄtodo; 2- Revestimento condutivo; 3- Ânodo; 4- Tela revestida de fĂłsforo; 5- Feixe de elĂ©trons; 6- MĂĄscara de Sombra

Por fim, a MĂĄscara de Sombra (6) trata-se de uma fina chapa de aço com vĂĄrios furos colocados atrĂĄs da superfĂ­cie frontal do tubo de imagem e Ă© responsĂĄvel por melhorar a exibição de imagens coloridas no CRT ("cathode ray tube", nome em inglĂȘs para tubos de raios catĂłdicos, os quais foram criados em 1897 pelo fĂ­sico alemĂŁo Karl Braun), uma vez que focaliza os feixes de elĂ©trons.


Com o uso de trĂȘs canhĂ”es dispostos em forma de um triĂąngulo, os trĂȘs feixes de elĂ©trons passam por pontos de foco e, a fim de que eles se mantenham focados, hĂĄ a convergĂȘncia dinĂąmica. Caso nĂŁo houvesse essa convergĂȘncia, apareceria uma mancha de cores na borda de uma imagem pois ela teria sofrido a sobreposição das trĂȘs cores.

AlĂ©m do tubo de raios catĂłdicos, hĂĄ o gerador de Van der Graaf, o qual causa o efeito de arrepiar os cabelos de quem tocar na cĂșpula. Os dois sĂŁo classificados como lineares e eletrostĂĄticos, visto que eles aumentam a velocidade das cargas elĂ©tricas ao longo de uma trajetĂłria retilĂ­nea e lidam com campos elĂ©tricos constantes respectivamente.

Os aceleradores que despertam interesse na maioria das pessoas, na verdade, não são nenhum dos citados anteriormente: são os chamados aceleradores cíclicos. O despertar do interesse deve-se à capacidade de eles causarem a colisão de partículas. O choque delas só é possível a partir de uma aceleração extrema, no momento em que os prótons e os elétrons estão com velocidade a mais de 99% da velocidade da luz (299 792 458 m/s). As partículas traçam uma trajetória curva devido ao campo magnético que as desvia a fim de controlar a trajetória da partícula.

O propĂłsito de chocar as partĂ­culas absurdamente eletrizadas Ă© visualizar sub-partĂ­culas como os quarks, os quais formam o nĂșcleo atĂŽmico, e os bĂłsons de Higgs, que atribuem massa a partĂ­culas como os prĂłprios quarks e os elĂ©trons. A importĂąncia de, em 1964, Peter Higgs e François Englert terem descoberto o bĂłson de Higgs Ă© que devido Ă  teoria relacionada ao bĂłson, fĂ­sicos conseguiram entender como a força fraca e a força eletromagnĂ©tica - que, na teoria de Higgs, seriam manifestaçÔes da força eletrofraca - funcionam.

Essa força eletrofraca supostamente deu origem às duas mencionadas quando houve o resfriamento do Universo, instantes após a grande expansão, que é intitulada como o Big Bang. Além disso, essa teoria trouxe um melhor entendimento da matéria escura - que afeta gravitacionalmente a matéria visível, como estrelas e galåxias, mas que não é capaz de absorver ou emitir radiação, uma vez que não interage eletromagneticamente. Segundo o Brasil Escola, atualmente cientistas presumem que 25% de toda a massa do Universo seja feita de matéria escura, logo é deveras importante que a compreendamos a fim de que o processo do Big Bang seja melhor explicado.

Em 2013, foi comprovada a existĂȘncia do bĂłson de Higgs com a utilização do LHC, o Grande Colisor de HĂĄdrons, que tambĂ©m Ă© conhecido como "mĂĄquina do Big Bang", posto que simula condiçÔes similares Ă s que existiam logo apĂłs a grande explosĂŁo, atingindo temperaturas na ordem de -271,9°C devido ao uso de 10 000 toneladas de nitrogĂȘnio lĂ­quido.


Identificação do Bóson de Higgs feita pelo experimento Atlas. Foto: Atlas Collaboration /Cern

Localizado na cidade de Genebra, na Suíça, ele Ă© um dos projetos do CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), que custou 10 bilhĂ”es de dĂłlares e demorou 2 dĂ©cadas para ser concluĂ­do. Com uma extensĂŁo de 26,7km, ele fica em uma regiĂŁo subterrĂąnea, cerca de 100m abaixo do solo. O seu funcionamento Ă© similar ao processo de aumento de velocidade de partĂ­culas nos aceleradores lineares e eletrostĂĄticos vistos anteriormente, porĂ©m hĂĄ algumas diferenças, como a utilização de prĂłtons ou nĂșcleos atĂŽmicos de Ă­ons de chumbo e a liberação de dois feixes, um em cada direção, para que haja a colisĂŁo atĂŽmica.


Visão panorùmica da localização do LHC

Diagrama do LHC

Na rota de colisão, as forças nucleares e elétricas são tão intensas que partículas inéditas podem ser originadas, inclusive aquelas que ainda não são conhecidas e que podem ser a composição da matéria escura.

Com o aumento da velocidade da partícula, os campos magnéticos, os quais direcionam os prótons e elétrons, precisam ser mais intensos, haja vista que essas partículas acabam ampliando a sua energia cinética, o que torna mais difícil a esses campos modificarem a rota das partículas.

Não só é possível realizar uma colisão com o lançamento de dois feixes em direçÔes opostas, o que seria o alvo móvel, como também colidir em um alvo fixo, o qual se caracteriza por um feixe de partículas que, após receber uma enorme quantidade de energia por sua movimentação no acelerador, colide com um alvo imóvel.

Apesar de parecer até intuitivo que a colisão com um alvo móvel resultarå em uma velocidade final maior do que a do alvo imóvel segundo os preceitos newtonianos, ou seja, quando dois objetos encaminham-se um ao outro e estão em direçÔes opostas, a soma de suas velocidades serå a velocidade da colisão, a relatividade restrita de Einstein explica que outros fatores devem ser levados em consideração.




De acordo com a teoria da relatividade restrita de Einstein, nenhum objeto com massa de repouso diferente de zero pode atingir a mĂĄxima velocidade no Universo, a qual seria a velocidade da luz. A razĂŁo de isso acontecer Ă© que, ao acelerar elĂ©trons, eles gastam mais energia cinĂ©tica devido ao suposto aumento da massa, e nĂŁo pelo aumento de velocidade. Usando a evidĂȘncia matemĂĄtica, temos que:


ÎČ= 1−1/Îł2


Sendo ÎČ a velocidade da partĂ­cula e Îł a energia da partĂ­cula em termos de sua energia de massa em inĂ©rcia ("rest mass energy", em inglĂȘs). Por exemplo, a velocidade de 1 MeV - medida chamada de elĂ©tron-volt, que Ă© igual Ă  energia obtida por um elĂ©tron quando acelerado por 1 volt de diferença de potencial elĂ©trico - Ă© aproximadamente (∌) 86% da velocidade da luz ( c ), 10 MeV de um elĂ©tron corresponde a ∌99,8% de c e 50 GeV, a ∌99, 999999995%c.

Isso mostra que a velocidade de um elétron a poucos MeV (106 eV) é quase igual a sua velocidade a GeV (109 eV). Indubitavelmente, os elétrons aproximam-se de c facilmente, mas, na realidade, nunca conseguem alcançar a måxima velocidade do Universo, o que comprova o postulado de Einstein.

Além disso, as descobertas de Galileu, astrÎnomo do século XVI, não consideravam as distorçÔes no espaço-tempo propostas por Einstein, as quais alteram completamente os cålculos de velocidade relativa. Mas, antes de falarmos de velocidade relativa, é importante explicar o que seria a distorção no espaço-tempo.

Considerando que um objeto esteja com velocidade nula, no caso a seguir, uma maçã, a sua atração gravitacional à Terra deve-se à componente do tempo - aliås, o tempo é uma das componentes que constituem o nosso Universo, além das componentes espaciais, que são altura, largura e comprimento. A maçã sempre estå em movimento porque estå em progresso na passagem do tempo, indo ao futuro.


A curvatura no espaço-tempo irå dobrar a trajetória da maçã entre uma velocidade temporal ao futuro e uma velocidade espacial até o chão. A maçã move-se em linha reta, porém a curvatura do espaço-tempo faz com que se rotacione a orientação dela, atraindo-a à Terra. Esse movimento torna-se um de contração e o grau dessa contração é constante, pois a curvatura só depende da massa da Terra.

A contração do movimento, na realidade, não é devido a geometria do espaço, mas sim pela aproximação das linhas retas, que dão essa impressão de contração. Portanto, a Terra, sendo um objeto de massa consideråvel, deforma o espaço-tempo, dando-o uma curvatura, que aparenta ser uma contração constante.

No exemplo da maçã, ela permanece na superfície da Terra, uma vez que, por ela não apresentar velocidade inicial - jå que não hå nenhuma força atuando nela -, ela move-se em direção a esse planeta devido à contração na rede do espaço-tempo (1).

Outrossim, temos que a Terra está acelerando constantemente para cima (2), porque está indo contra o movimento de contração da rede, logo se colocarmos um objeto com velocidade inicial - mas que não apresente força atuando sobre ele - que continua em uma linha reta no espaço-tempo, ele será atraído à Terra devido à contração na rede. É assim que a Lua orbita a Terra (3) e a Terra orbita o Sol (4).






Com todas essas descobertas de distorção do espaço-tempo, era de esperar que as concepçÔes de velocidades também mudariam, jå que a velocidade trata-se da razão entre o espaço e o tempo. Antes de se iniciar a explicação de velocidade relativa, lembremos que essa anålise estå sendo feita a fim de explicar o motivo de nada ultrapassar a velocidade da luz, incluindo o acelerador de partículas, apesar de esse aparelho ser o mais próximo do que a comunidade científica jå chegou para simular um Universo instantes após o Big Bang.

Utilizaremos as equaçÔes de Lorentz, fundamentais ao estudo da Relatividade, e as substituiremos na equação da velocidade, que Ă© a razĂŁo do espaço (sendo Δx) e do tempo.





Fazendo os cålculos devidos e usando a definição de limite (ferramenta do cålculo diferencial) à expressão da velocidade, temos que:



Para um referencial S

Analisando o que acontece com a expressĂŁo para a velocidade observada, quando a velocidade v de um referencial for pequena, teremos:


Quando os valores de velocidade relativa entre os referenciais são pequenos o suficiente para que os efeitos relativísticos sejam desprezados, a expressão para a velocidade medida de um objeto em diferentes referenciais aproxima-se da transformação clåssica de Galileu.



De outra maneira, se o valor mais alto possível para a velocidade v - sendo, portanto, a velocidade da luz c - for utilizado, estaremos explorando o outro extremo para a solução de nossa equação.

Para altas velocidades, os efeitos relativísticos predominam e as transformaçÔes de Galileu levam a resultados cada vez mais imprecisos. No caso relativístico mais extremo, a velocidade medida por um observador num referencial S de um corpo que se move num referencial S' (que viaja cada vez mais próximo da velocidade da luz) tende para o próprio valor dessa velocidade. Isso mostra que as transformaçÔes de Lorentz para a velocidade obedecem o postulado de Einstein para a relatividade restrita que estabelece um limite para a måxima velocidade no Universo, a qual nenhum objeto com massa de repouso diferente de zero pode atingir, que é a velocidade da luz. Assim, é notadamente difícil fazer com que duas partículas choquem-se em um acelerador a fim de desconstruí-las e analisar suas sub-partículas como o Bóson de Higgs, uma vez que a colisão requer uma velocidade praticamente igual à da luz.

O objetivo atual da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) é atingir uma quantidade de energia de 14 TeV para descobrir mais detalhes sobre o Bóson de Higgs. Contudo, hå um empecilho para alcançar essa meta, uma vez que, segundo a teoria båsica do eletromagnetismo, cargas aceleradas produzem radiação eletromagnética - conhecida como radiação síncrotron - e, portanto, perdem uma parte de sua energia cinética inicial.

Dessa forma, considerando um acelerador em órbita circular, hå não somente uma perda da energia cinética devido ao suposto aumento da massa, como também um decrescimento devido à radiação síncrotron. Para 1 TeV de elétrons acumulados nesse aparelho, a energia perdida seria de 20 TeV. Dessa maneira, não é viåvel usar esse tipo de acelerador para atingir o propósito da CERN.

Por serem partículas elementares, elétrons e pósitrons conseguem utilizar apenas 1 TeV em sua colisão. Assim, é possível utilizar esse encontro de partículas para explorar as possibilidades de desenvolver um equipamento o qual proporcione 14 TeV, jå que ele passarå a funcionar para qualquer energia a partir do momento no qual a partícula for relativística, ou seja, que ela se mover a uma velocidade comparåvel à da luz. Além disso, a partícula não deve sofrer problemas de radiação síncrotron para que o processo seja efetivo.

Em 1995, um experimento realizado em Stanford baseou-se na anĂĄlise de um acelerador dielĂ©trico no vĂĄcuo que utiliza feixes de laser para produzir um campo elĂ©trico longitudinal que Ă© adequado para a aceleração de partĂ­culas. Previu-se que a estrutura sustentasse 1 GeV, jĂĄ que ela tomaria vantagem do alto limite de dano dos materiais dielĂ©tricos dentro dos lasers pequenos e prĂłximos ao infravermelho. Um quilĂŽmetro dessa estrutura poderia proporcionar 1 TeV e entrar facilmente em um colisor de alta energia. Dessa forma, o projeto Laser-Electron Accelerator Project (LEAP) consistiria em acelerar os elĂ©trons com uma Ășnica interação com um feixe de laser polarizado linearmente no vĂĄcuo.



Diagrama esquemåtico do acelerador, junto ao espectrÎmetro de energia e uma imagem real do feixe de elétron observado.

Tendo em vista a interação dos elĂ©trons com o campo de laser, a velocidade desse campo no vĂĄcuo Ă© maior que o feixe relativĂ­stico do elĂ©tron, logo sĂł hĂĄ como nĂŁo ter transferĂȘncia de energia caso a distĂąncia de interação entre o laser e o elĂ©tron seja finita - isso Ă© conhecido como o Teorema de Lawson-Woodward. A fim de limitar a distĂąncia de interação em um local no qual o feixe de elĂ©trons continuasse em fase com o feixe de laser, colocou-se primeiramente um acelerador com paredes refletoras que atuavam como uma barreira para o campo de laser.


A primeira estrutura proposta a qual consistia em um acelerador composto por um cruzamento de feixes de lasers.


Um elĂ©tron individual na duração de 2ps apresenta uma fase aleatĂłria para o campo Ăłptico e, por conseguinte, possui uma probabilidade igual de experienciar um campo de laser o qual o acelera ou o desacelera. Por isso, um conjunto de elĂ©trons tem sua energia aumentada. Devido ao uso de uma barreira fina e de uma fita de kapton revestida de ouro, houve uma tolerĂąncia maior aos feixes de elĂ©trons e de laser, o que fez com que se pudesse exceder o limite de dano. Com o movimento contĂ­nuo da fita, foi possĂ­vel aplicar toda a potĂȘncia do laser para encontrar a aceleração do campo elĂ©trico tanto almejada.

Acima da fita, foi colocado um aparelho de alinhamento das condiçÔes entre o feixe de laser e o de elétron. Esse aparelho mostrou um forte sinal de modulação que indiciou aos pesquisadores a incerteza de sobreposição do tempo e, após achar o tempo correto entre o laser e o elétron, foi possível observar uma modulação na energia induzida pelo laser do próprio feixe de elétrons devido à aceleração linear do laser no våcuo.



Estrutura a qual teve ĂȘxito na realização do experimento. Mostra-se a interação dos feixes de laser e de elĂ©tron na fita de kapton que se move lentamente no equipamento.

Pesquisas como essa e anålises como as realizadas no LHC (Large Hadron Collider) demonstram que aceleradores de partículas compostos por feixes de laser são uma inovação científica e tecnológica capaz de chegar a um dos maiores objetivos da Física Quùntica: descobrir a composição de uma das partículas primordiais, se não a primordial, do Universo - o bóson de Higgs -, além de identificar partículas nunca vistas antes, as quais poderiam constituir a matéria escura. Assim, conheceremos um pouco mais sobre a origem do Universo, o que talvez responda algumas de nossas perguntas em meio a crises existenciais; porém até lå, temos uma grande missão: compreender a complexidade do espaço-tempo e tudo que estå dentro dele.



FONTES E REFERÊNCIAS:


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