Honestamente, todos queremos ser bem-sucedidos. Quando se é jovem, o que mais dá medo é a incerteza. Será que passarei no vestibular? Será que determinada universidade me aceitará? Será que terei um bom trabalho? Será que vou ter uma vida boa? Principalmente se você é uma jovem menina, que quer entrar no mundo da ciência, e quase não vê representatividade em lugar algum, o medo só aumenta.
Pensando nisso, três mulheres bem-sucedidas no campo da ciência foram chamadas para falar um pouco sobre o seu caminho e vivência nesse processo assustador. Neste artigo, você encontrará respostas a algumas perguntas que muitas vezes assombram o íntimo das jovens que também querem ser cientistas.
Dra. Elise Fairbain é uma cientista com PhD em toxicologia, especializada em efeitos da poluição humana na reprodução de animais marinhos. Atualmente, trabalha para a Universidade da Califórnia, localizada na cidade californiana Davis (UC Davis), como diretora de projetos acadêmicos da Bodega Marine Laboratory.
Natalie Rizzo é estudante de pós-graduação na UC Davis. Sua pesquisa envolve aquicultura sustentável, isto é, a produção e distribuição de alimentos de forma sustentável através de policulturas, uma forma de aquicultura que produz alimentos de forma autossustentável e green (ecologicamente correto).
Alisha Saley é também uma estudante de PhD na UC Davis, que pesquisa principalmente os efeitos da acidificação oceânica em animais que têm conchas, entre outros assuntos que envolvem a interação entre o ecossistema e os animais marinhos.
1. Quando foi que você decidiu ser cientista?
Ellie: “Eu não era uma daquelas pessoas que sabiam o que queria fazer quando era criança, ou mesmo na faculdade, honestamente. Quando fui para a faculdade, estudei psicologia primeiro. E isso é ciência, mas não a biologia que eu faço agora. [..] mais tarde, comecei a trabalhar com a organização Surf Rider em coisas, como avaliações de qualidade da água, e fiquei super interessada em ciência ambiental em geral. E, a partir daí, comecei a ter aulas em uma faculdade comunitária e percebi que a biologia que eu realmente gostava, [...] da ciência ambiental. [..] eu provavelmente tinha 23 anos quando percebi o que queria fazer, e realmente comecei a me dedicar a isso.”
Natalie: “Quando eu aprendi que era possível estudar animais marinhos como golfinhos e, é claro, o meu primeiro emprego dos sonhos era ser um treinadora de golfinhos. [...] Por volta dos 12 anos de idade, eu queria ser veterinária, então, foi quando eu comecei a pensar: "Ok, eu tenho que focar nas aulas de ciências a partir de agora."”
Alisha: “ Então, eu acho que eu sempre fui uma cientista desde que me lembro, porque… a maneira como eu meio que penso, sabe. Quem são os cientistas? Pessoas que gostam de fazer e responder perguntas. E eu sempre fui assim. Em termos de cientista com foco ambiental, eu não decidi isso até estar na faculdade, na verdade. Eu queria ser radiologista, [...] mas percebi que não queria estar dentro, sabe, de uma sala sem janelas olhando para raios-X durante o resto da minha vida, e que havia muitas questões ambientais que não estavam recebendo a atenção que deviam ter.”
2. Você se sentiu bem-vinda no mundo científico?
E: “Sim, no geral sim. Como uma mulher na ciência, houve momentos em que era óbvio como estudante, [..] havia muitas poucas mulheres acima de mim. E isso mudou ao longo do tempo, à medida que passei pelo sistema. Isso foi algo que mudou muito desde os anos 90, e essa hierarquia talvez esteja começando a mudar.
Dito isso, nunca houve um lugar aberto onde eu realmente me sentisse excluída. Houve momentos em que pequenos comentários, [..] coisas como em uma aula um T.A. (assistente de professor, em inglês) de Química disse que “meu namorado provavelmente me ajudou a tirar um A na classe”. E não, eu tirei o meu A. Então, coisas assim, aconteciam, e isso se acumulava . Mas em termos de um sentimento geral de se eu pertencia ou não, eu geralmente sentia que eu pertencesse.”
N: “Acho que me senti relativamente bem-vinda. Eu fui para uma universidade de artes liberais (liberal arts college). E, então, eu acho que havia um pensamento mais progressista. [...] Me senti talvez um pouco intimidada, porque não havia tantas modelos para se relacionar e admirar, mas eu tinha um bom relacionamento com todos os meus professores.”
A: “Eu me senti sim. E eu acho que é porque eu meio que já me sentia como uma cientista, se isso faz sentido. [...] E, então, eu acho que ter um pouco dessa confiança é obviamente um privilégio, mas eu acho que isso me ajudou a me sentir mais bem-vinda, porque eu acho que parte disso é apenas talvez não perceber se você não for bem-vinda. [...] Também o curso em que eu estava não era o maior programa da universidade, então, eu praticamente conhecia todo mundo que estaria no meu grupo de formandos, tínhamos as mesmas aulas.
E me envolvi em pesquisas durante a minha graduação muito rápido. Então, eu consegui conhecer muitos dos meus professores melhor por meio disso, me permitindo conhecê-los em um nível mais pessoal.”
3. Como foi a sua experiência universitária no geral? Você mudou de curso, enfrentou alguma grande crise ou dificuldade?
E: “Sim, então eu mudei completamente de curso, dois bacharelados separados. Mas uma vez que eu estava no curso de biologia, eu tive certeza. Eu participei de um programa único na UC Santa Barbara (UCSB), chamado Faculdade de Estudos Criativos (College of Creative Studies). Nele, você tinha liberdade para criar seu próprio curso. Então, você basicamente podia escolher entre as mais diversas classes, para obter o background acadêmico que você desejasse.
E eles também mandavam que você fizesse pesquisas no laboratório de alguém. Para que isso acontecesse, você recebia um grande apoio: um orientador que te ajudava a fazer esses contatos, tirando um pouco da intimidação e medo de entrar em contato com professores e coisas assim. Então, depois que eu descobri o que eu queria fazer, eu me senti muito apoiada.
Mas, mesmo assim, eu lutei para pedir ajuda, saber quando eu precisava de alguém para me apontar na direção certa. [...] Porém, aquele curso construiu uma rede de apoio e me ajudou a perceber os momentos em que eu não estava pedindo ajuda. [...] E tive mentores que me ajudaram com as coisas da vida, família, irmão, mortes na família... Mentores que, uma vez que você os encontra, eles não só te ajudam com sua carreira, mas também com essas coisas da vida, [...] e sinto que tive muita sorte em encontrar alguns realmente bons na UCSB.”
N: “Então, nos meus anos de graduação, foi difícil equilibrar ser uma estudante de ciências e ser uma atleta estudantil. [...] Então, eu acho que eu estava meio que refletindo sobre essa ideia de que, tipo, eu era uma atleta estudante, mas ser estudante vinha em primeiro lugar. [...] Por isso, foi difícil, definitivamente foi difícil de lidar, mas eu ainda consegui aguentar as aulas durante os quatro anos.”
A: “Eu acho que tudo isso é relativo, tipo, pensando na minha faculdade, pensando em pessoas que estão na faculdade agora lidando com a pandemia e a crise climática e questões humanitárias. [...] Para mim, isso me faz pensar que minha experiência na faculdade foi muito tranquila, porque eu não tinha nenhuma dessas coisas me atormentando no nível pessoal ou moral.
Eu mudei de curso, como eu disse, então, comecei a universidade estudando para uma dupla especialização em espanhol e em medicina nuclear, que era a etapa de graduação para depois ir para a faculdade de medicina para ser uma radiologista. E foi na metade da minha graduação que eu percebi, “Ops, não quero mais ser médica”. Então eu mudei para Biologia Aquática, mas por causa de todos os cursos que eu já tinha feito, foi muito fácil para mim obter dois minors em química e em estudos ambientais.
Em termos de crises, eu diria que a maior parte disso aconteceu na minha pós-graduação [...] é realmente aí que eu comecei a me desconectar e me tornar mais profissionalmente isolada da minha família e amigos. [...] Então eu diria que a crise veio mais depois.”
4. O que exatamente você escolheu estudar e por quê? Houve algum motivo maior para a sua escolha?
E: “Eu sempre gostei da ideia de entender por que algo aconteceu. Então, na toxicologia, que é para onde eu acabei indo, onde estudo os efeitos da poluição em organismos marinhos, você pode sair no campo e medir o quanto de um produto químico está lá, você pode ir e comparar dados.
O que realmente me motivou foi entender por que as coisas estavam acontecendo, e isso acabou me levando ao nível celular, a olhar para a biologia celular. [...] Se você entender o mecanismo de funcionamento, você pode fazer boas previsões. E isso foi super interessante para mim.
Então, como eu meio que estudei biologia ambiental geral, [...] eu finalmente decidi por esse olhar mais mecanicista de como a poluição funciona, pensando em como os produtos químicos interagem com o nosso corpo, o que faz uma toxina versus uma droga. Havia algo no meu cérebro que estava sempre interessado nisso.”
N: “Então, estou estudando aquicultura sustentável, e estou focando minha pesquisa na co-cultura de algas marinhas e invertebrados. Ou seja, ser capaz de cultivar algas marinhas e invertebrados marinhos, como ouriços-do-mar, abalone ou caracóis marinhos, todos juntos para obter alguma ciclagem de nutrientes, o que torna o sistema mais eficiente.
E minhas motivações para estudar isso é que esse é um tipo de agricultura pouco estudada, e acho que conseguir aumentar a conscientização e colocar mais pesquisa e mais recursos para os aquicultores seguirem criando suas fazendas, deixando-as mais eficientes, pode ajudar, em geral, a salvar os oceanos e também fornecer mais alimentos, de forma mais acessível para as pessoas.”
A: “Eu escolhi biologia aquática ao invés de biologia de ciências ambientais, porque eu gosto de água. E eu gosto de trabalhar em ecossistemas úmidos, é por isso que agora estou fazendo pesquisas marinhas. Eu tenho uma graduação em água doce e eu queria obter um diploma de pós-graduação em biologia marinha.
[...] Então, o que eu estou pesquisando é como os organismos que constroem conchas e interagem com o ambiente químico ao seu redor, em ambientes oceânicos. E, assim, tentando entender que tipos de mudanças os animais com conchas empregariam em termos de realocar sua energia para sua concha, seu tecido intestinal ou reservas energéticas, sob diferentes condições estressantes que poderiam vir de impactos humanos.
Coisas como a acidificação dos oceanos, mas também variabilidade natural, como córregos e chuvas e ressurgência. Meio que tentando separar um pouco da compreensão mecanicista de como esses organismos sobrevivem no ambiente e que tipos de vulnerabilidade eles podem ter em um clima instável.”
5. Qual foi o seu maior desafio ao longo dos anos?
E: “Para mim, perceber que o caminho que eu estava seguindo não estava em uma direção que eu queria ir foi um momento muito difícil, eu não conseguia sair desse caminho.
E agora, em retrospectiva, posso contar a história de como essas pequenas coisinhas levaram a uma carreira educacional, que eu amo. Mas, naquela época, eu não me sentia assim. Parecia muito que eu estava presa, e eu não tinha a menor ideia de que haveria um trabalho que usaria as habilidades que eu gostava.
Fiquei anos tentando descobrir exatamente o que eu queria fazer com as habilidades que eu tenho. E também o que eu queria fazer em termos de, onde eu queria viver, onde eu queria viver a minha vida, onde eu queria viver a minha vida com o meu marido, onde eu queria viver a minha vida com os meus animais de estimação, tipo, conseguir que isso se integre com os seus objetivos de carreira pode ser muito difícil também.
Então eu acho que a incerteza em torno do que minha carreira seria depois da pós-graduação durou anos e essa foi realmente a coisa mais difícil que eu passei em termos de minha carreira.”
N: “Acho que meu maior desafio tem sido encontrar, gostar, me manter fiel aos meus objetivos gerais na vida. E embora você possa definir metas em certos pontos, elas mudam com muita frequência.
Então, ser capaz de se adaptar e descobrir como você pode encaixar seu conjunto de habilidades que você tem, em diferentes papéis e posições conforme você ainda os está definindo. Ou quando você muda de objetivo, como você pode continuar crescendo como estudante, como pesquisador, como funcionário, para manter essa determinação em direção a esse novo objetivo.”
A: “Eu decidi há muito tempo que havia pessoas suficientes se concentrando na saúde das pessoas, e que eu queria me concentrar na saúde do planeta, mas também há uma parte de mim que pensa “talvez você devesse fazer mais para ajudar pessoas reais, talvez estudar ciência não seja a melhor maneira de usar suas habilidades”.
Eu acho que um momento que eu tive esse pensamento, foi logo depois que minha avó faleceu, em Wisconsin, e eu era muito, muito próxima dela, e eu não estava lá quando isso aconteceu, o que eu acho que tornou ainda mais difícil.
E isso meio que colocou em perspectiva o quanto é um sacrifício ir e tirar um diploma de pós-graduação, porque em muitos casos, você não está apenas trabalhando em direção a um diploma, que é extremamente difícil por si só, mas você também está se afastando da sua família, você está perdendo momentos da vida de pessoas que você realmente se importa [...] e todas essas coisas são muito mais difíceis de enfrentar, especialmente quando você sente que está escolhendo sua carreira em vez dessa parte de sua vida.
E então eu acho que esse foi provavelmente o mais difícil, [...] a pós-graduação, força você a escolher e priorizar ela sobre outras partes da sua vida.”
6. E você sentiu que ser mulher na ciência foi algo desafiador?
E: “Depende de como você encara isso. Eu não sinto que eu tive grandes obstáculos colocados na minha frente especificamente por ser mulher.
Por outro lado, como eu disse, pequenos comentários se somam, não vendo mulheres em posições de liderança, você internaliza tudo isso mesmo que você não saiba, né, ou mesmo que você não perceba, tipo, você observa que não há mulheres na liderança, você observa que todos os seus professores são homens, você observa comentários aqui e ali. E tudo isso é internalizado direito.
E eu sinto que sim, em algum nível, eu ainda estou entrando em paz com isso. Na minha criação, me ensinaram a acreditar em mim mesma, e sinto que fiquei muito boa em não acreditar em outras pessoas, mas ainda sou dura comigo mesma. E muito disso tem a ver com ser mulher. E experimentar todas aquelas coisas que acabei de dizer que foram absorvidas sem que eu percebesse, sem que eu fosse capaz de pensar e rejeitar essas ideologias.”
N: “Eu acho que quando eu comecei a mergulhar, foi provavelmente aí que eu meio que entrei de cara em um esporte dominado por homens. E não só é dominado por homens, como também com um custo altíssimo, tipo, o equipamento é super caro.
Então esse foi o ponto em que eu fiquei tipo, "Ok, eu preciso realmente me dedicar e, tipo, ser capaz de acompanhar o passo", sabe, você tem que carregar um monte de equipamentos, não é um esporte muito fácil. E na Califórnia, se você mergulha, você está sempre andando em precipícios e levando seu equipamento por aí, carregando esses tanques.
Então como todos os meus mentores no mergulho eram do sexo masculino, eu ficava com uma vozinha na cabeça tipo “Ok, eu preciso me provar capaz de obter minha licença de mergulho profissional”, e acho que eu tive que me esforçar um pouco mais, e também meio que manter a atitude de tipo, "Eu sou uma pessoa legal" para me encaixar com o grupo, então eu acho que foi um pouco difícil.”
A: “Eu acho que houve alguns empregos que eu tive, que me fizeram perceber que eu era uma mulher na ciência versus apenas uma cientista, o que foi algo que eu realmente não esperava passar.
[...] Por exemplo, eu trabalhei em um laboratório que fui contratada para ser técnica de campo. Então, para realmente sair para o campo para coletar amostras, para ficar fora, você sabe, por semanas a fio [...] mas quando os cronogramas saíram eu fui colocado com os técnicos de laboratório, com base na minha experiência de ter trabalhado em um laboratório antes e, eu me lembro de ir ao meu chefe e perguntar, "Eu me candidatei ao cargo de técnico de campo, porque me colocaram no laboratório”. E houve alguns comentários que foram feitos sobre as mulheres terem mais atenção aos detalhes, e as mulheres serem capazes de lidar melhor com algumas “tarefas de destreza”, e as mulheres têm anotações melhores, elas têm uma caligrafia melhor, [...] e também coisas como homens lidam melhor com trabalho pesado o e as mochilas vão ser muito pesadas e vai ser preciso carregar elas no campo. E, então, foram apenas essas suposições que se resumiram a isso, o físico. Eles estavam tentando fazer essas suposições de diferença física entre homens e mulheres. E para mim isso era um monte de bobagem.
[...] Algumas outras coisas, como, em congressos as pessoas tendem a comentar sobre o vestuário das mulheres com muito mais frequência do que homens. O que é interessante para mim, há quase como um padrão ou expectativa mais alta para as mulheres se apresentarem profissionalmente, enquanto dos homens não é necessariamente exigido esse mesmo padrão.”
7. Qual a melhor e pior coisa no seu emprego atualmente?
E: “O “pre-college program” desse ano, essa foi a melhor aula que eu já ensinei em termos de alunos, em termos de pessoas. Eu amo o currículo, eu desenvolvi, é divertido, mas não é divertido, a menos que, a menos que as pessoas sejam divertidas. E assim, essa foi realmente a melhor coisa que me aconteceu desde antes do COVID. Foi uma delícia total, a minha coisa favorita no mundo a fazer é realmente estar na frente de pessoas ensinando e levando- os ao ar livre para fazer tudo isso.
Minha coisa menos favorita é [...] é apenas a parte administrativa. É o que parece pastorear gatos, onde você manda 50 e-mails e recebe uma resposta, e então você tem que enviar mais 49 e-mails para obter mais um. Esse é provavelmente minha parte menos favorita.”
N: “A melhor coisa é que eu consigo ter um novo ambiente e desafio todos os dias. Então, cada dia é um pouco diferente, alguns dias são dias longos no laboratório. Alguns dias são dias longos limpando meus tanques de algas marinhas, alguns dias são dias de pesquisa. Então, isso realmente mantém minha mente estimulada, que eu não estou apenas indo, você sabe, para um escritório todos os dias e trabalhando no computador e voltando para casa.
[...] E menos favorito, o que também se conecta a isso é que minha agenda geralmente não está definida. Então, se talvez algo, como o encanamento, quebrar no laboratório, é como se estivesse tudo bem, mas são 22h da noite, e você tem que ir ao laboratório e consertar seu encanamento. Há também aquele elemento adicional de surpresa que pode acontecer a qualquer momento.
[...] E a melhor experiência que eu já tive foi, isso é difícil, mas eu vou dizer que, foi quando, então minha antiga chefe e eu, éramos muito próximas, e nós saímos de barco para fazer coletas de algas marinhas juntas. E sempre foi muito divertido porque ela e eu navegamos neste barco de 6 metros. [...] E nós estávamos tipo, “nós só temos que sair e pegar nossas amostras de algas marinhas e voltar”. E nós fomos, coletamos as amostras, mas assim que estávamos voltando, apareceu um “pod”, um grupo de quase 100 golfinhos. E na verdade era um mega pod, que, são aqueles que acontecem ao largo da costa do sul da Califórnia, e que honestamente poderiam ter sido milhares de animais. Mas nós paramos o barco, e demorou pelo menos uns 10 minutos para todos esses golfinhos passarem.
Então, é como um momento realmente mágico que você não pode realmente planejar. E isso só acontece se você estiver no lugar certo na hora certa.”
A: “As melhores coisas sobre o meu trabalho é que eu posso fazer o que eu acho que são perguntas extremamente fascinantes que, até onde eu sei, nunca foram feitas antes. Então eu faço parte, você sabe, de uma equipe de cientistas que se dedica a essencialmente criar conhecimento ou descobrir conhecimento que ainda não foi explorado.
[...] Algumas das coisas mais difíceis sobre sabe, a pós-graduação é que para mim de qualquer maneira parecia uma escolha realmente egoísta. Parecia uma decisão egoísta porque você é quem está impulsionando sua carreira para a frente. [...] E todos os dias eu tenho que acordar e eu tenho que decidir, “ok, quais são as prioridades que precisam ser feitas hoje? Como vou fazê-los?”. Você sabe, como eu vou saber se eu completei ou não, você sabe, alguma coisa, se algo está acabado ou não. E esse tipo de ambiguidade pode ser difícil. Eu digo muito ao meu chefe que, sabe, quatro dos cinco dias da semana, eu amo ser minha própria chefe, mas tipo, um dia da semana, eu não me importaria se alguém apenas tivesse uma lista feita para mim, tipo tudo já preparado.
[...] Então eu acho que é muito das partes mentalmente desgastantes que podem ser complicadas.”
8. E o que você diria que é a sua maior motivação no seu emprego?
A: “Eu quero ver o Bodega Marine Lab com programas de educação que se sustentem. Fazemos muitos pequenos projetos que se somam, nós, como comunidade, não apenas liderados por mim, mas todos aqui estão tão interessados em divulgação, engajamento e educação.
Mas há muitos programas temporários e não muitos programas sustentados que realmente mantêm relacionamentos com nossa comunidade, com escolas e assim por diante. Então, construir coisas que duram é algo que eu estou realmente animada. E muito disso se resume a financiamento, se resume a dinheiro, que o laboratório não tem.”
N: “Minha principal motivação é tornar a aquicultura mais eficiente e sustentável. Então, certificando de que podemos continuar a atender às demandas alimentares de nossa população crescente, ao mesmo tempo em que temos em mente a saúde de nossos oceanos e nossos ecossistemas selvagens, porque há muita mídia ao redor, você sabe, que diz que é tudo ruim, o que não é verdade, há como fazer pesca de forma sustentável. E também há algumas práticas de pesca que são ruins.
Então, encontrar esse equilíbrio, é apenas ter certeza de que podemos promover e mudar a atitude em relação aos produtos da aquicultura, e, em seguida, ser capaz de ampliar essas fazendas mais eficientes para poder alimentar mais pessoas.”
A: “Então eu acho que agora, a minha motivação motriz é começar a aplicar algumas das ciências e ferramentas que eu estou estudando, por exemploo desenvolvimento sustentável da aquicultura e [...] como podemos alimentar as pessoas que estão perdendo suas fontes de alimento em desertos e áreas como essa. E então eu acho que todos os dias eu acordo e tento descobrir, sabe, como posso usar o que estou fazendo agora para causar o melhor impacto que posso antes de eu deixar o planeta.”
9. E quando você não está trabalhando ou estudando, quais são alguns dos seus hobbies?
E: “Eu passo muito tempo jardinando e cuidando dos meus animais e indo para passeios com o nosso cão na propriedade. Mas eu gosto de caminhadas, gosto de coisas ao ar livre, vou acampar muito. Eu amo me exercitar, tenho estado numa fase de kickboxing ultimamente. E eu gosto disso, faço yoga. Portanto, tente se manter fisicamente ativo. Isso ajuda meu cérebro, bem como meu corpo. E eu gosto de viajar e ver o mundo.”
N: “Eu gosto de fazer qualquer coisa ao ar livre. E atualmente, estou obcecada em triathlons. Esse é o meu interesse mais recente, mas apenas permanecer ativa e encontrar tempo para fazer alguma atividade física ao ar livre. Eu também gosto muito de escalada. Fui há duas semanas e não ia há meses. E eu lembrei o quanto eu amo estar nas montanhas. Então, assim gosto de realmente sair e aproveitar a natureza.”
A: “Eu gosto de mergulho recreativo e é muito meditativo para mim é literalmente tudo sobre controlar sua respiração. E então é realmente a meditação de forma básica, mas também é você sabe, bastante humilhante porque você está sob pressão, debaixo d'água, confiando em um tanque para lhe fornecer vida. E você começa a explorar uma parte do planeta que muitas pessoas nunca serão capazes de ver.
Eu também gosto muito de jardinar e cultivar meus próprios vegetais e eu gosto de compartilhar essa comida com as pessoas. Eu gosto de viajar e estar fora enquanto estou viajando, [...] me tirar das paredes confinadas de um prédio. Porque passamos grande parte de nossas vidas no que eu chamo de caixas, tipo, vamos dormir em uma caixa, e então acordamos, e então talvez você entre em uma caixa com rodas para levá-lo à escola ou ao trabalho. Em qualquer um dos meus hobbies, eu tento apenas fazer com que eles me levem para o ar livre.”
10. Há alguma coisa que você gostaria de adicionar, palavras inspiracionais, dicas, conselhos ou avisos sobre o futuro?
E: “Sim, duas coisas. Primeiro, eu diria para sempre ser curioso [...] ser curioso, ajuda você a mudar de ideia, ajuda você a ver o que mais está por aí. Isso ajuda você a ver o que vem a seguir. Ajuda você a conhecer pessoas, ajuda você a viajar, ajuda você a fazer todas essas coisas que eu acho que não só ajudam sua carreira, mas enriquecem sua vida também.
A outra coisa que eu diria é procure mentores, [...] podem ser professores, pode ser seus TAs, ou seus assistentes residentes nos dormitórios, tipo qualquer um que tenha um pouco mais de experiência na vida [...] que podem ser uma ajuda para como viver sua vida, como navegar pelas partes difíceis que obviamente afetam sua carreira, mas são maiores do que apenas sua carreira. E mentores que você pode fazer perguntas diretas, que você pode perguntar quais foram suas experiências que você pode pedir conselhos. [...]Portanto, procure bons mentores.”
N: “Eu diria, apenas seja o seu eu autêntico e verdadeiro. E que muitas vezes, você sabe, você pode se sentir intimidado ou tímido, indo para uma entrevista ou correndo atrás de seus sonhos, mas apenas continue a ser você mesmo e dê esse passo para o desconhecido. [...] , "Tudo o que você sempre quis está do outro lado do medo".
Então eu acho que esta é uma citação realmente ótima, porque apenas, você tem que se arriscar, e você tem que colocar a cara a tapa. [...] Então, apenas dando esse salto de fé e perseguindo seus sonhos. E é preciso coragem e talvez, você sabe, você não esteja pronto para fazer isso agora, mas apenas sempre mantenha isso no fundo de sua mente e sempre esteja alimentando essa paixão e nunca deixe ir o que você realmente ama fazer.”
A: ”Há muitas pessoas por aí que talvez tenham respostas para perguntas que você possa ter, e perguntar não é uma coisa ruim. Você sabe, enviar um e-mail para alguém, que você não conhece, pode ser realmente assustador por medo de que talvez eles não respondam, mas alguém responderá em algum momento às suas perguntas, e sabe, não tenha medo de pedir às pessoas que lhe digam coisas que talvez você não saiba que não sabe.
E eu também diria que, e isso talvez não seja do lado científico, mas que, como vocês são a próxima geração de tomadores de decisão, você são a próxima geração de pessoas que estarão no poder ocupando cargos e, assim, é importante se informar sobre sua política local e seu governo local, manter-se informado sobre como esse processo funciona. Eu acho que isso é uma coisa que eu gostaria de ter feito quando eu era mais jovem, eu realmente não me concentrei nisso. Mas é assim que você será capaz de fazer algumas dessas mudanças institucionais que ajudam a ciência e ajudam, você sabe, a ciência a avançar, mas também ajudam as pessoas, e realmente é com isso que devemos nos preocupar.
E por último não tenham medo de ter interesses externos, fora da sua carreira também. Eu acho que este é um monte de conselhos aleatórios que eu estou dando. Mas mantenha seus hobbies fora de sua carreira, mantenha-se informado no nível local em termos do que está acontecendo, mas também em nível global, e não tenha medo de fazer perguntas.”
Fontes:
Natalie Rizzo. Disponível em: < https://www.linkedin.com/in/natalie-rizzo-51054850/ >. Acesso em: 11 maio. 2023.
Ellie Fairbain. Disponível em: < https://cpe.ucdavis.edu/subject-areas/summer-pre-college-programs/faculty/dr-ellie-fairbairn >. Acesso em: 11 maio. 2023.
Alisha Saley. Disponível em: < https://alishamsaley.wixsite.com/wetscience >. Acesso em: 11 maio. 2023.
Entrevistas. Disponível em: < https://docs.google.com/document/d/1lyoq4aYHwkt8MKGMlahppfvT0b-zKvFXT7BN55BHc0E/edit >. Acesso em: 11 maio. 2023.
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