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Hérin Mariê

Desvendando o Aprendizado de Línguas: Crianças vs. Adultos

Aprender a falar um novo idioma é algo muito almejado, seja por motivos profissionais ou pessoais. Porém, é importante ressaltar que a jornada do aprendizado de línguas pode ocorrer de diferentes formas, sendo um dos motivos para isso, a idade e o ambiente em que o indivíduo aprende o idioma. Por exemplo, enquanto os adultos enfrentam um caminho mais longo e complexo, as crianças possuem um desempenho surpreendente durante esse processo. Mas por que essa diferença existe? Neste artigo, iremos desvendar o aprendizado de línguas, explicando a relação desses fatores no processo de aprendizagem de um novo idioma. 


Primeiramente, é preciso entender o porquê das crianças possuírem uma melhor facilidade para a aquisição de uma nova língua. Durante os primeiros anos de vida, que são os mais críticos para esse aprendizado, os bebês conseguem perceber todos os diferentes fonemas produzidos pelos humanos. Ou seja, se uma língua utiliza uma pequena quantidade desses fonemas, um bebê nasce capaz de aprender qualquer idioma.


Essa percepção de sons se inicia quando o sistema auditivo passa a se desenvolver no início do terceiro semestre de gestação. Assim, como o bebê passa a escutar os sons produzidos pela voz da mãe ainda cedo, ele passa a perceber e se tornar familiar a alguns padrões de linguagens, como ritmo e fonemas. Dessa forma, bebês que possuem mães bilíngues tendem, mais tarde, a aprender os idiomas falados pela mãe com maior facilidade.


Para ilustrar essa capacidade, a psicóloga Krista Byers-Heinlein da Concordia University realizou um experimento com bebês recém-nascidos com até três dias de vida. Nesse experimento, havia um grupo de mães monolíngues falantes de inglês e, no outro, mães que eram bilíngues que falavam Inglês e Tagalog - língua filipina. Ao tocar gravações de falantes dessas línguas, os bebês que tinham mães monolíngues tiveram uma maior facilidade em perceber os sons produzidos pelo Inglês, enquanto os de mães bilíngues conseguiram perceber ambos idiomas com maior aptidão (Time, The Power of Bilingual Brain, Jeffrey Kluger, 2013, Pág 2).


Porém, é no período de 10 a 12 meses que os bebês com diferentes criações linguísticas passam a apresentar maior diferença em relação à percepção dos diferentes sons. Isso ocorre pois é nesse período que o cérebro busca solidificar o aprendizado da linguagem para iniciar o processo de fala. Com isso, o cérebro de crianças monolíngues tende a focar nos sons de sua língua materna para solidificar mais rapidamente as conexões neurais, perdendo a capacidade de percepção de outros fonemas. Ao contrário do cérebro de crianças bilíngues, que continua flexível por um período maior, realizando essas conexões mais tarde, para armazenar ambos idiomas. 


Assim, quando um adulto busca aprender uma nova língua, o processo de aprendizado se torna mais complexo, uma vez que é necessária a mudança e a criação de novas  de redes neurais relacionadas à linguagem. Além disso, o processo de fala também é prejudicado devido à dificuldade da percepção de fonemas do novo idioma. Por isso, muitas vezes, pessoas que aprendem idiomas após o período da infância apresentam um sotaque percentual dos sons utilizados na língua materna.


No entanto, isso não significa que esse aprendizado na fase adulta seja impossível. Na verdade, hoje acredita-se que o aprendizado tardio pode até facilitar esse processo. Isso se deve ao fato de que o cérebro é um órgão plástico capaz de mudar, criar novas conexões ao longo do tempo ao receber novos estímulos. Logo, o adulto pode direcionar o seu estudo para um determinado tópico ou criar técnicas para ajudar na memorização do novo idioma. Assim, com a abordagem certa, os adultos podem atingir um alto nível de proficiência semelhante ao de uma criança que recebeu uma criação bilíngue. 


Ou seja, a idade e o ambiente no qual um indivíduo é inserido possuem uma grande influência no aprendizado de novos idiomas. Além disso, é evidente que as crianças possuem maiores vantagens em relação aos adultos para esse aprendizado. Porém, lembre-se sempre de que para o cérebro, nunca é tarde para aprender. 






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS








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