A evolução da consciência humana como mecanismo de sobrevivência coletiva
- Tessa Recart
- 15 de fev.
- 3 min de leitura
A evolução frequentemente examina os animais em um nível individualista, mas, segundo um artigo recente do Neuroscience News, especialistas têm percebido o impacto da genética, das culturas e das sociedades no processo evolutivo. Sob essa ótica, a consciência não seria o resultado simples da evolução do sistema nervoso central, e sim um meio complexo para os humanos comunicarem melhor suas ideias e emoções entre si, assegurando tanto a sobrevivência individual como a da espécie.

Ao longo do estudo descrito, percebeu-se que embora a consciência não tenha influência causal, ela permanece crucial em contextos sociais, como o estabelecimento e manutenção de vínculos com os demais. Assim, a intuição, à qual é atribuída socialmente e culturalmente o papel de molde da nossa percepção do mundo cotidiano e coletivo, não seria tão crucial como a consciência na evolução humana.
A consciência, para os cientistas do artigo, é definida como consciência subjetiva incorporada, incluindo autoconsciência. Ela encapsula, desse modo, os processos mentais que distinguem-se dos nossos corpos físicos, sendo aqueles que dão origem e controlam nossas decisões e ações. Trata-se da causalidade mental, aspecto presente em todas as culturas e que vêm fundamentando democracias liberais e sistemas de justiça criminal até hoje, ao fortalecer os construtos do livre arbítrio, dos direitos humanos, da democracia, da justiça e da responsabilidade moral.
Nesse cenário, a intuição ocupa o conceito de processo cognitivo automático, que teria similarmente evoluído para fornecer explicações e previsões rápidas e confiáveis, sem a necessidade de uma extensa reflexão ou explicações analíticas formais. Ela, por outro lado, pode estar incorreta uma série de vezes e, embora não haja uma explicação científica atual de como o tecido cerebral gera e mantém a experiência subjetiva, o consenso entre a maioria dos neurocientistas é de um produto de processos cerebrais tal como aquilo que denomina-se consciência.

Dessa forma, segundo o estudo relatado pelo Neuroscience News, a consciência subjetiva evoluiria como parte natural da evolução do sistema nervoso, sendo uma função adaptativa para fornecimento de benefícios para a sobrevivência e reprodução dos organismos humanos. Ela torna possível a realização de qualquer ação no mundo por vontade (agência da individualidade), ou seja, sua evolução é essencial para beneficiar cada vez mais o indivíduo. Além disso, ela teria evoluído para facilitar qualidades adaptativas sociais, pois transmite nossa subjetividade socialmente para o coletivo, beneficiando a tendência de grupos e indivíduos de desenvolver laços sociais e viver em comunidades e, por conseguinte, o bem-estar da espécie no geral.
Com isso, a consciência pode ser descrita como uma eterna estratégia de sobrevivência fundamental que, ao suplementar as falhas da intuição por apresentar uma condução tradicional da mente, tornou-se uma estratégia de sobrevivência fundamental. Afinal, embora estejamos profundamente enraizados em nossa natureza biológica, nossa natureza é também social, sendo amplamente definida por nossos papéis e interações na sociedade. Portanto, a arquitetura mental da mente deve ser fortemente adaptada para a troca e recepção de informações, ideias e sentimentos. Por isso, para alcançar uma explicação mais científica da consciência, é imperativo aceitar que a biologia e a cultura trabalham coletivamente na moldagem de como o cérebro humano evolui.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] NEWS, N. Consciousness Evolved for Social Survival, Not Individual Benefit - Neuroscience News. Disponível em: <https://neurosciencenews.com/consciousness-social-neuroscience-26434/>.
[2] ORF, D. Human Consciousness Evolved as a Means of Social Survival, Scientists Say. Disponível em: <https://www.popularmechanics.com/science/a61604074/human-consciousness-evolved-for-social-survival/>.
[3] Evolução Humana e Aspectos Sociais. Disponível em: <https://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev3.htm>.
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