Nos preparamos para um futuro inexistente: a superpopulação humana
- Beatriz Coelho de SoƔrez
- 15 de abr. de 2022
- 5 min de leitura
Superpopulação: o conceito
Ć dito que alguma espĆ©cie tenha alcanƧado a āsuperpopulaçãoā quando a quantidade de indivĆduos aumenta de modo que comeƧa a causar desequilĆbrios no ecossistema a ponto de prejudicar a sobrevivĆŖncia de outros seres vivos. Se vocĆŖ pesquisasse o significado de āser-humanoā nĆ£o receberia uma definição mais exata que isso.
Todos nós temos conhecimento global que o homem, em um perĆodo de tempo consideravelmente curto, completamente dominou o planeta. Mas Ć s vezes o tamanho de tal feito nĆ£o Ć© realmente compreendido. HĆ” 80 anos, por meados da dĆ©cada de 1950, havia 2,5 bilhƵes de habitantes no planeta - atualmente esse nĆŗmero passa de 7,7 bilhƵes.
As previsões atuais da ONU são que, mesmo com uma diminuição do crescimento populacional nos últimos anos, seremos cerca de 11 bilhões no final do século. Somente a partir desse ponto que os números se estabelecerão e começarão a diminuir. Quer dizer, se nossa espécie ainda existir para ver esse dia.

Como conseguimos tanta gente?
HÔ dois jeitos que podemos olhar para esse feito de quase triplicar a quantidade de habitantes em menos de um século. Mas em geral, tudo se relaciona à economia (como a maioria das coisas tendem a fazer).
Dados mostram que paĆses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento normalmente possuem uma taxa de natalidade alta, principalmente pela dificuldade de planejamento familiares, ou acesso Ć prevenção para gravidezes indesejĆ”veis. Esse conceito muda quando um paĆs se desenvolve, quando a expectativa de vida jĆ” Ć© de 80 anos, onde as pessoas vivem com qualidade de vida maior, e de maior duração, o que apenas comeƧa a impactar o nĆŗmero total de habitantes por volta de duas geraƧƵes depois.

Super consumismo: o conceito
Nas Ćŗltimas dĆ©cadas, principalmente com a nova fase do capitalismo de consumo, houve o inĆcio da cultura de super consumo da sociedade contemporĆ¢nea. āĆ uma corrida pelo bem-estar individual, atravĆ©s do consumo hedonista e a busca infinda pela feicidadeā, escrevem Ana Maria Foguessato e Daniel Rubens Cenci em seu artigo A sociedade do hiperconsumo e as implicaƧƵes para a sustentabilidade nas cidades.
Nosso cotidiano de compras e consumismo em excesso tem origem no desenvolvimento do mundo global. Também tem relação com o crescimento da população em grandes cidades e Ôreas urbanas, jÔ que se torna mais prÔtico para o humano consumir produtos industrializados.
Estudos comprovaram o relacionamento entre o super consumo e os sentimentos de felicidade e satisfação pessoal. Devido ao materialismo, āo dinheiro Ć© visto como algo superior ao bem da vidaā (Foguessato e Cenci) e por isso o poder de compra Ć© tĆ£o ostentado.

O impacto no planeta
E por conta desse número elevado de humanos coexistindo, cientistas e especialistas se preocupam com as consequências na Terra se continuarmos com os padrões de vida de superpopulação e super consumo que existem na sociedade moderna. Em poucas palavras: estamos destruindo nosso planeta.
Especificamente quando se fala da exaustĆ£o, escassez e consumo insustentĆ”vel de recursos naturais nĆ£o-renovĆ”veis, um dos problemas mais sĆ©rios Ć© relacionado a geração de resĆduos e o descarte executado incorretamente . āAtualmente sĆ£o gerados 1,4 bilhĆ£o de toneladas de resĆduos sólidos urbanosā, escrevem especialistas da ECO Response, empresa de sustentabilidade, āo que corresponde a uma mĆ©dia de 1,2 kg por pessoa/diaā.
O artigo Como a superpopulação estĆ” ligada aos problemas de geração de resĆduos? tambĆ©m elabora que cerca de metade desses nĆŗmeros sĆ£o gerados por 15% dos paĆses mais desenvolvidos no mundo.Infelizmente, quanto mais um paĆs se desenvolve e enriquece, a quantidade de resĆduos orgĆ¢nicos despenca, e a quantidade de embalagens plĆ”sticas, metais, vidros e papĆ©is somente continua a crescer.
Ou seja, a maioria destes resĆduos, nĆ£o sĆ£o apenas aquele papel que vocĆŖ deixou cair na rua (mesmo que isso nĆ£o seja bom para o sistema de esgoto da sua cidade). Os maiores produtores de resĆduos sĆ£o grandes empresas, fĆ”bricas e nomes capitalistas.
Essas entidades produzem sem nenhum tipo de fiscalização, atropelando negócios pequenos e regionais, tudo em nome da fabricação rĆ”pida e em sĆ©rie, causando danos irreparĆ”veis para o meio ambiente. āO que assusta Ć© o fato da geração de resĆduos, consequente demanda de recursos naturais e descarte incorreto aumentar muito mais rĆ”pido que o crescimento da populaçãoā, continua a ECO Response.
Os resĆduos descartados incorretamente nĆ£o sĆ£o a Ćŗnica preocupação; a forma que o humano maltrata o delicado sistema do meio ambiente mundial traz consequĆŖncias assustadoras. Por exemplo, a destruição de metade das terras antes habitadas por florestas - ação que provoca seus próprios problemas, como a falta de regulamento do clima mundial, aquecimento global, poluição atmosfĆ©rica, extinção de outras espĆ©cies em massa, erosƵes graves e muito mais.
Recomendo a leitura da matĆ©ria Superpopulação e super consumismo, nossa triste realidade, de JoĆ£o Lara Mesquita. Consta com uma sessĆ£o chamada de āfotógrafos em açãoā, onde hĆ” vĆ”rias fotografias dos resultados da superpopulação e super consumismo no planeta (como morros carecas, onda trash e muito mais). Acesse pelo link: https://marsemfim.com.br/a-realidade-da-superpopulacao-versus-superconsumismo-em-fotos/
ConsequĆŖncias sociais
NĆ£o Ć© só o meio ambiente que sofre. A superpopulação Ć© diretamente proporcional Ć qualidade de vida. Acontecimentos como āondas imobiliĆ”riasā - moradias seguidas de moradias, numa proporção de milhares de metros quadrados - passam a ser mais comuns.
Problemas de saĆŗde tambĆ©m sĆ£o interligados com a pĆ©ssima qualidade de vida causada pela superpopulação (questƵes de saĆŗde mental, que piora por conta do estresse e correria da vida em cidades). Outra ocasiĆ£o sĆ£o os encontros nĆ£o pacĆficos de diferentes culturas, impossĆveis de coabitação.
Não digo que a solução seja o isolamento, mas a situação atual de megacidades com mais de 10 milhões de habitantes não é algo sustentÔvel em longo termo.
Ou seja, um dia teremos gente demais
Como Mariana Barros bem coloca em seu artigo sobre o assunto na Revista Veja, āembora nĆ£o dĆŖ para estimar o mĆ”ximo de pessoas que cabem no planeta, sabemos que os recursos que temos por aqui sĆ£o limitados.ā
Ou seja, se continuarmos no ritmo atual, só hÔ um futuro: escassez. E não de materiais para construção de itens para nosso conforto (como jÔ acontece para a produção em massa para celulares e iPads, por exemplo), mas de itens bÔsicos como Ôgua, alimento, moradia, energia elétrica etc.
Atualmente, um grande nĆŗmero de pessoas jĆ” se encontra nessa situação. Lentamente, percebemos mais vĆtimas e refugiados relacionados a crises ambientais, alĆ©m da pobreza consequente. As estimativas indicam que a parcela da população nessa situação só vai crescer nas próximas dĆ©cadas.
Não é sustentÔvel o modo que nossa sociedade continua a crescer, e no final algo precisa ceder. Tantos humanos em um lugar só é uma receita para o desastre, seja por conta da acentuação da problemÔtica ambiental, ou por conflitos entre nossa própria com consequências a todos os seres vivos do planeta.
Ć preciso com urgĆŖncia a estabilização populacional, ao invĆ©s do crescimento desproporcional que estĆ” previsto. Isso Ć© alcanƧado, principalmente, com conscientização de mĆ©todos contraceptivos e o controle da natalidade. AlĆ©m disso, Ć© necessĆ”rio a utilização de tecnologias sustentĆ”veis, e incentivar o consumo moderado, sem desperdĆcios e produção em massa. Se cuidarmos do nosso planeta, conseguiremos alcanƧar o próximo sĆ©culo e ver se as previsƵes feitas para nossa sociedade irĆ£o se concretizar, ou nĆ£o.

Bibligrafia:
BARROS, Mariana. <Superpopulação: chegarÔ o dia em que haverÔ gente demais para planeta de menos? | VEJA>.
WIKIPĆDIA. <Superpopulação ā WikipĆ©dia, a enciclopĆ©dia livre>.
PONTEZA, PatrĆcia Freitas. <https://www.unicamp.br/fea/ortega/temas530/patriciapotenza.htm>.
MESQUITA, João Lara. <Superpopulação e super consumismo, nossa triste realidade>.
FOGUESATTO, Ana Maria. CENCI, Daniel Rubens. <A sociedade do hiperconsumo e as implicaƧƵes para a sustentabilidade nas cidades ā Derecho Penal Online>.