Passamos boa parte do nosso dia nas redes sociais, rolando feeds, curtindo fotos e compartilhando momentos. Entretanto, o que muitos não percebem é que, por trás desse entretenimento, há uma espécie de “maestro invisível”: os algoritmos de inteligência artificial. Eles são como fórmulas matemáticas que decidem o que aparece no nosso feed, baseando-se nas nossas ações online.
O Google, por exemplo, vai além de ser apenas um buscador inteligente. Ele pode prever nossas futuras compras e até mesmo em quem votaremos na próxima eleição através da análise de padrões comportamentais, como os tipos de notícias que lemos, os vídeos que assistimos, os sites que visitamos e as interações sociais online. Além disso, existe a possibilidade de incorporar dados demográficos e contextuais para criar modelos preditivos. Essa capacidade dos algoritmos, no entanto, gera um enorme receio em muitas pessoas, principalmente por representações distópicas em filmes e séries que mostram um futuro sombrio causado pela inteligência artificial.
Um dos lugares onde esses algoritmos são mais evidentes é no Twitter. Enquanto você interage com outros usuários, o algoritmo está coletando informações sobre suas preferências. Ele usa esses dados para criar "grupos" de pessoas com interesses semelhantes, conhecidos como "bolhas", que determinam que tipo de conteúdo será mostrado para aqueles usuários com interesses em comum. Por exemplo, há bolhas de fofocas, bolhas de anime, bolhas de futebol, entre outras, e cada usuário pode estar em diversas bolhas ao mesmo tempo.
Figura 1: Maiores comunidades do Twitter.
Essas bolhas, no entanto, podem levar à segregação ideológica, cercando-nos por opiniões que são apenas eco das nossas e nos deixando mais intolerantes a opiniões adversas e mais suscetíveis a manipulação. No “jogo” de decidir quais tweets aparecem primeiro, o algoritmo leva em conta a probabilidade de você interagir com determinado conteúdo. Isso pode depender de quem você segue ou o que as pessoas que você segue curtem. Assim, o Twitter molda a experiência de cada usuário de maneira única.
Quanto mais tempo passamos online, mais dados sobre nós são coletados e vendidos para empresas. Esses dados — incluindo nossas preferências, comportamentos de navegação, histórico de compras e outros padrões de atividade online — são adquiridos por empresas especializadas em análise de dados, que os transformam em perfis de usuários detalhados. Esses perfis são valiosos para anunciantes, que podem direcionar campanhas publicitárias específicas para públicos-alvo mais precisos, aumentando a eficácia de suas estratégias de marketing. Um exemplo concreto desse processo é quando uma mulher pesquisa sintomas de gravidez, como enjoo. Essa ação fornece dados preciosos aos algoritmos, que são então utilizados para personalizar anúncios, orientando-a para produtos relacionados à maternidade.
O objetivo principal do Twitter, bem como das outras redes sociais, é nos manter conectados e engajados o máximo possível, para maximizar a quantidade de informações obtidas. E como eles fazem isso? Uma das maneiras mais eficazes é mostrando no nosso feed opiniões contrárias e notícias ruins, a fim de dar início a grandes debates, nos quais, na grande maioria das vezes, nenhum dos lados está disposto a ceder. Matematicamente falando, discussões acaloradas e notícias negativas geram muito mais engajamento do que notícias boas e conversas saudáveis. Então, quando algum assunto “fura a bolha”, o caos e o famoso “hate” são certeiros.
Ao explorar o mundo das redes sociais, lembre-se que por trás da tela há algoritmos trabalhando para nos manter conectados. Esses mesmos algoritmos, porém, também nos influenciam de maneiras nocivas e que talvez nem percebamos, difundindo o ódio e tornando as redes sociais cada vez mais prejudiciais para a nossa saúde mental.
Referências bibliográficas
Santaella, Lucia. A semiótica das fake news. Verbum (ISSN 2316-3267), v. 9, n. 2, p. 9-25, set. 2020. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/verbum/article/view/50522.
Eixo Digital. Como funcionam os algoritmos das redes sociais. Disponível em: https://eixo.digital/como-funcionam-os-algoritmos-das-redes-sociais/.
Santaella, Lucia. O papel dos algoritmos de inteligência artificial nas redes sociais. Revista Famecos, Porto Alegre, v. 27, p. 1-10, jan.-dez. 2020. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/revistafamecos/article/view/34074/19629.
Santos, Rodrigo. Algoritmos, engajamento, redes sociais e educação. 31 de maio de 2022. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciEduc/article/view/52736/751375154292.
Spagnuolo, Sérgio. Saiba como funciona o algoritmo de recomendação do Twitter. Núcleo, 31 de março de 2023. Disponível em: https://nucleo.jor.br/curtas/2023-03-31-como-funciona-algoritmo-twitter/.
O ARTIGO ESTA MARAVILHOSO! PARABÉNS 💕
¡Este articulo está totalmente acertado! Las redes cada vez están más encerradas en estas burbujas sociales. Un claro ejemplo es Tiktok, que va creando todo tu feed a base de tus gustos (creo que esta plataforma impulsó eso); y pese a la comodidad de tener todo a tu gusto, es aterrador el hecho de cómo nos van moldeando la realidad. ¡Y ni hablar ahora con las Inteligencias Artificiales! Esperemos que el futuro no sea tan oscuro como se está previendo. ¡Muy buen articulo! ¡Felicidades! :D
Logaritmo é algo que me tira do sério nessa vida, mas o algoritmo faz minha mente sempre explodir, surreal como isso funciona e esse artigo ajuda a tirar muitas dúvidas sobre, meus singelos parabéns!!
Orgulho de ver nossos jovens com tanta coisa boa para oferecer e contribuir! Parabéns pelo artigo!!
É interessante como as bolhas operam, justifica bastante o porquê tem tanta gente na rua com noção completamente desconexa da realidade