Da Concepção Pioneira à Transformação da Medicina Reprodutiva: Celebrando o Nascimento do Primeiro Bebê de Fertilização In Vitro.
Dia 25 de julho de 1978, há 45 anos, nasceu a primeira bebê através de Fertilização In Vitro (FIV). Celebramos, assim, o aniversário de uma conquista científica que mudou a vida de inúmeras pessoas.
Patrick Steptoe, um obstetra excepcional, junto com o pesquisador Robert Edwards, aperfeiçoaram a técnica da Fertilização In Vitro em 1977. O brilhante trabalho deles foi reconhecido na concepção pioneira da inglesa Louise Brown em 1978, após 50 tentativas com muitas pesquisas e sorte.
Imagem 1: Louise Brown - primeira bebê através da FIV
O início desta tecnologia, no entanto, antecede o trabalho de Steptoe e Edwards: a técnica demandou diversos anos e recursos para ser implementada e modernizada. Primeiramente, foi necessário estudar a fundo e consagrar as bases de pesquisas sobre hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona, o que ocorreu por volta dos nos anos 1920. Além disso, descobertas farmacológicas, como suplemento de hormônios e remédios para melhorar a fertilidade, tiveram papel essencial no desenvolvimento do procedimento em questão. Graças a aquisição de tais conhecimentos, nos anos 1950 iniciaram-se os testes em modelos animais, como ratos e coelhos, da tecnologia. A fase de experimentação, que contou com a ajuda de cientistas como John Heape e George Pincus, durou quase duas décadas. Somente em 1969, assim, o primeiro óvulo foi fertilizado em laboratório. No entanto, Edwards precisava encontrar uma maneira menos invasiva de obter os óvulos para que pudesse ser usada na prática clínica, já que até então eram obtidos por meio de cirurgias complexas.
Posteriormente, em 1973, foi reportada a primeira gravidez por FIV na Monash University, na Austrália. Infelizmente, a gravidez teve seu fim dias depois devido a uma morte embrionária precoce. Outra tentativa, que não apresentou resultados positivos, foi feita, secretamente, pelo Doutor Landrum Shettles em Nova Iorque - o que levantou muitas controvérsias em relação ao assunto, sobretudo acerca da ética.
Desde 1930, havia o debate se esse procedimento era moralmente correto, sobretudo através da ótica religiosa, que questionava se a FIV interferia no "desejo de Deus". Muitos indivíduos, sobretudo os fiéis católicos e evangélicos, argumentavam que, implementando uma tecnologia como esta, os médicos e cientistas estavam "brincando de ser Deus". Além disso, colocou-se em pauta a possibilidade da técnica contribuir para o movimento eugênico, que buscava o “melhoramento racial da espécie”, e a possível futura desnecessidade do sexo masculino para a procriação humana. Tantos debates contribuíram para a demora do aperfeiçoamento da técnica, sobretudo porque os recursos financeiros indispensáveis para o avanço científico eram majoritariamente controlados pelas classes de maior poder aquisitivo que, em sua maioria, compactuavam com tais preconceitos.
Finalmente, em 1978, nasceu a primeira bebê por Fertilização In Vitro, Louise Brown, na Inglaterra. O sucesso da gravidez foi resultado de muita determinação e inovação científica, além de representar um passo importante na medicina. Todo ano, comemora-se a data que é um marco para todas as vidas que surgiram graças à brilhante técnica. Ademais, é um momento especial para todos os pais que lutaram contra a infertilidade e utilizaram todos seus recursos, tanto emocionais quanto financeiros, para atingir seu sonho de criar uma família.
Embora tenham se passado muitas décadas, os comentários controversos dos anos 1930 voltaram à tona em 1978, com o nascimento de Louise. A revolta não se limitou à Inglaterra, país natal da recém nascida, mas se espalhou pelos Estados Unidos, tornando-se ainda mais acalorado. Somado a isso, um dos pioneiros da FIV, John Biggers, constatou o caos em uma conferência no estado da Virginia: "A reunião inteira acabou sendo uma disputa de gritos, os dois grupos (pró-vida e defensores da fertilização in vitro) lançando insultos um ao outro".
Com o passar dos anos, ainda existe uma preocupação em relação ao tratamento, especialmente por parte da Igreja Católica e Ortodoxa. Em 2007, o Papa Bento XVI declarou à comunidade cristã que a FIV e outras tecnologias similares não eram corretas, já que acabavam com o conceito de família e de que a concepção unia um casal. Ademais, houve debates em relação aos seus efeitos negativos, como lesão em órgãos próximos aos ovários, infecção pélvica e possíveis defeitos congênitos nos bebês. Louise Brown, durante sua vida toda, permaneceu completamente saudável, o que reduziu as preocupações pois poucas ressalvas foram provadas como um problema. Foram realizados diversos estudos e aprimoramentos, como a injeção intracitoplasmática de espermatozóides que reduziu as taxas de risco e melhorou a preservação dos embriões, e os únicos efeitos negativos possíveis possuem uma pequena chance de tornarem-se reais.
Em suma, é importante conhecer a história do nosso mundo e aprender com ela. Nesse caso, aprender sobre o contexto da FIV contribui com a empatia aos outros e o conhecimento de técnicas científicas que podem mudar vidas! Um casal infeliz com a sua situação, que não pode alcançar o seu sonho de formar uma família, pode, atualmente, contar com diversas opções, desde adoção até Fertilização In Vitro. Portanto, o dia 25 de julho de 2023, além de ser um marco científico, representa uma história que abriu oportunidades para inúmeras pessoas.
Feliz dia da FIV para todos que contribuíram e realizaram seus sonhos e para os mais de 10 milhões de bebês que nasceram graças a essa maravilhosa descoberta. Por fim, feliz aniversário para a Louise Brown.
É preciso continuar debatendo sobre para abrir a mente das pessoas e acabar com preconceitos. Somente assim, a Fertilização In Vitro e todas outras técnicas reprodutivas se tornarão universais e acessíveis para todos.
Técnica reprodutiva: Fertilização In Vitro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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