Nas últimas décadas, o Brasil encontrou-se constantemente em colocações mais baixas do ranking quando o assunto era a leitura e o acesso à literatura no país. Contudo, em 2021, através de uma pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), constatou-se um aumento significativo de 29,3% na compra de livros, principalmente entre jovens de 18 a 29 anos, que aumentaram seus ritmos de leitura devido a pandemia e rotinas mais flexibilizadas. Porém, a média anual de livros lidos no Brasil ainda segue baixa, cerca de apenas 3 livros ao ano, o que não atende nem aos critérios estabelecidos pelas escolas para a leitura de um livro por bimestre.
No Brasil, o investimento em políticas públicas para o acesso adequado à literatura é precário, o que torna a leitura um ato elitista. Devido às altas taxas de impostos colocadas sobre os livros, poucas pessoas realmente têm a condição de adquiri-los. Segundo o instituto Pró-Livro, brancos leram mais que negros em 2019, evidenciando mais um ponto de privilegio no univeros literário. Ao lado disso, a defasagem de livros nas bibliotecas brasileiras também limita a expansão de conhecimento que as novas literaturas poderiam proporcionar aos jovens do país, que se encontram em processo de formação intelectual.
Ademais, não se pode esquecer que o não hábito da leitura também surgiu com a nova forma de criação das crianças pelo mundo. No passado, o “momento leitura” era bastante comum nas famílias, mas agora ele foi substituído pelo uso de celulares e tablets, que se inicia ainda nos primeiros meses de vida do bebê. Desse modo, não há mais estímulo à leitura, nem à prática de repetição de palavras, o que tem, de acordo com o Instituto NeuroSaber, atrasado o processo de alfabetização. Com isso, as crianças crescem com uma ideia implantada de que ler é algo chato e cansativo, favorecendo o aumento do número de adultos com dificuldades de ler textos acadêmicos, científicos e até mesmo mensagens formais.
Hoje, existem mais de 300 projetos de incentivo à leitura no Brasil, porém, não há o apoio governamental a eles, mesmo que sejam evidentemente fundamentais contra a desinformação e o analfabetismo. Por exemplo, o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) segue sem regulamentação desde o início do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sem uma política atualizada para a diminuição das taxas dos livros, a inflação, com crescimento contínuo, aumenta cada vez mais o custo de acesso à literatura. Com tudo isso, aumenta-se a desigualdade de acesso literário entre as classes.
Nesse sentido, muitos especialistas adotaram uma outra abordagem para levar às escolas e mídias sociais. Para incentivar a leitura, eles estão promovendo todas as infinitas possibilidades que a literatura pode ter, evitando a visão de algo monótono e sem futuros impactos. Também consideram importante evidenciar todos os benefícios que a pessoa pode ter quando lê um bom livro, como a melhora da memória, a redução no estresse, as maiores habilidades de escrita, além de um networking variado, pois os gostos dentro da literatura são diversos.
O aplicativo que mais influenciou no aumento da leitura entre jovens nos últimos 2 anos é o TikTok, no qual, através da comunidade “BookTok”, os próprios usuários indicam livros dos mais variados gêneros de formas interativas e divertidas. Ao que tudo indica, o número de usuários dessa comunidade aumenta cada vez mais, principalmente devido aos grandes eventos de literatura que estão sendo organizados para 2023. O mais importante deles é a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que acontecerá no mês de setembro, do dia 1° ao dia 10.
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