Figura 1: Pães e trigo
É muito comum que atualmente, as pessoas evitem ou até mesmo deixem de comer alimentos com glúten, principalmente os feitos com farinha de trigo, por acreditar que o glúten nesses alimentos traz malefícios à saúde. Mas a verdade é que o trigo não faz mal para indivíduos saudáveis, a menos que você apresente alergia ao glúten ou doença celíaca. E é sobre a doença celíaca que este artigo vai tratar.
Mas afinal, o que é o glúten? Ele é um composto formado por várias proteínas presentes em alimentos como o trigo, o centeio, o malte, a cevada e a aveia. Esse composto de proteínas é formado por diversas delas, mas duas se destacam: a gliadina e a glutenina.
Essas duas proteínas são chamadas de prolaminas, pois são proteínas insolúveis em água, ou seja, elas não se dissolvem por ação da água e são extraídas em etanol aquoso.
Enquanto a glutenina é a proteína responsável por conferir viscosidade e elasticidade aos alimentos, a gliadina é quem confere maior extensibilidade às massas como o pão, por exemplo.
A gliadina também é a proteína responsável por desencadear a doença celíaca, que é uma doença autoimune, onde as células imunológicas do nosso sistema imune participam da reação gerada pelo nosso organismo. Conforme explicam Moscoso e Quera em seu artigo de revisão intitulado de “Enfermedad celíaca”, publicado em 2016 na Revista Médica de Chile, isso acontece porque a gliadina apresenta certa resistência para ser digerida pela acidez gástrica, pelas enzimas do pâncreas e também pelas enzimas presentes na borda em escova intestinal.
E quando a resposta imune se inicia, ela pode causar a inflamação da mucosa intestinal, atrofia das vilosidades (paredes) do intestino delgado e aumento da permeabilidade intestinal, tornando o intestino mais suscetível a permitir a passagem de substâncias. Como consequência, a absorção de algumas vitaminas e minerais pelo nosso intestino podem ser comprometidas.
Figura 2: Vilosidades do intestino delgado.
Os sintomas mais comuns na doença celíaca incluem diarreia, distensão abdominal, fadiga, gases, inchaço, desnutrição, anemia e osteoporose.
O diagnóstico deve ser realizado por um médico especialista após a solicitação de exames. E o seu tratamento inclui acompanhamento com nutricionista e a exclusão total de alimentos com glúten da alimentação, pois ao eliminar o glúten da dieta os sintomas e desconfortos gastrointestinais provocados pela doença celíaca tendem a melhorar significativamente.
Podemos encontrar o glúten em alimentos como bolachas, macarrão, pizza, pães, bolos, alguns doces e algumas bebidas industrializadas. Mas a boa notícia é que, atualmente, no mercado temos esses mesmos produtos fabricados sem glúten, ou seja, não contém na lista de ingredientes: trigo, centeio, cevada, malte e aveia.
Figura 3: Placa escrita “gluten free” e alimentos sem glúten.
É válido ressaltar a importância de procurar atendimento médico especializado ao apresentar os sintomas como os mencionados neste artigo. Quanto mais cedo é investigado e feito o diagnóstico da doença celíaca, menores os riscos de desenvolver complicações como a anemia e a osteoporose, por exemplo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] BIESIEKIERSKI, Jessica R. What is gluten?. Journal of gastroenterology and hepatology, v. 32, p. 78-81, 2017.
[2] MOSCOSO, Felipe; QUERA, Rodrigo. Enfermedad celíaca. revisión. Revista médica de Chile, v. 144, n. 2, p. 211-221, 2016.
[3] Doença celíaca. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/doenca-celiaca/#:~:text=Doen%C3%A7a%20cel%C3%ADaca%20%C3%A9%20uma%20doen%C3%A7a,os%20nutrientes%20dos%20alimentos%2C%20vitaminas
Acesso em: 07 de março de 2024.
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