
Figura 1 - foto da taça do campeonato brasileiro tirada após o
Palmeiras sagrar-se campeão da edição 2023.
O ano de 2023 foi marcado pelo elevado número de jogadores encaminhados ao departamento médico de diversas equipes no Campeonato Brasileiro de futebol. Alguns elencos sofreram mais, a saber, o América Mineiro (MG), e o São Paulo Futebol Clube (SP). O que as duas equipes compartilharam durante a temporada foi o elevado índice de atletas no departamento médico. O América-MG contabilizou 56 jogadores na área médica, enquanto o Tricolor do Morumbi contou com 55 jogadores lesionados.
A temporada havia sido impecável para a equipe paulista, culminando na conquista inédita da Copa Betano do Brasil para o São Paulo Futebol Clube sob o comando do técnico Dorival Jr., atualmente à frente da Seleção Brasileira de Futebol Masculino. Entretanto, mesmo diante desse ano memorável, a apreensão causada por importantes desfalques era constante. As lesões frequentes e a série de jogos decisivos contavam com um esforço ainda maior dos atletas. Antes mesmo do retorno de Dorival Jr. ao time, a gestão do ídolo Rogério Ceni enfrentou a ausência de Giuliano Galoppo, na época, artilheiro da equipe, e de Jonathan Calleri, principal jogador e goleador daquele elenco. Posteriormente, a eliminação da equipe do Morumbi para o Água Santa, comandado por Thiago Carpini, agravou ainda mais a situação e resultou na demissão de Rogério Ceni. Porém, o que teria influenciado tais altos números de jogadores lesionados e esse começo turbulento para todas as equipes do futebol brasileiro?

Figura 2 - Giuliano Galoppo aos prantos após lesão no pé esquerdo contra a equipe do Água Santa pelo Paulistão Sicredi 2023 no Allianz Parque.
Diversos fatores contribuíram para o elevado número de atletas lesionados no Campeonato Brasileiro. O conturbado calendário de jogos imposto pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com 2 jogos por semana, sem mencionar as outras competições ocorrendo em paralelo como a Conmebol Libertadores e Sudamericana e a Copa Betano do Brasil. Essa carga de jogos demandou muito da comissão técnica e dos atletas, causando desgaste físico e, consequentemente, lesões. Além disso, a diferença do gramado de cada time contribuiu para o número de lesões, já que o gramado sintético, utilizado exclusivamente pela equipe do Palmeiras, causa desconforto aos atletas não acostumados, visto que a velocidade de deslocamento da bola difere daquela em gramados convencionais. Isso muitas vezes resulta em erros técnicos como passes e domínios e pode ser um causador de lesões aos jogadores visitantes, como ocorreu com o São Paulo Futebol Clube em uma partida válida pelo Brasileirão 2023.
Esse Choque-Rei (apelido dado ao confronto entre São Paulo e Palmeiras) terminou 5x0 para a equipe alviverde, porém ainda mais assustador que o placar para os São Paulinos foram as quatro trocas em função de lesões durante a partida. Ainda na primeira etapa, Rafinha, capitão do time, Wellington Rato e Lucas Moura, jogadores dados como titulares da equipe Tricampeã Mundial, foram substituídos já que se machucaram atuando. Se para o São Paulino não havia como piorar, já com uma desvantagem de 3 gols ao fim da primeira etapa e com 3 peças cruciais fora da equipe, o zagueiro venezuelano Nahuel Ferraresi em uma disputa pela posse com o atacante do Verdão, teve uma ruptura no ligamento cruzado anterior do joelho direito, desfalcando a equipe por 9 meses. O clássico paulista teve o Palmeiras como vencedor pelo placar de 5x0, mas ficou marcado pelo surreal número de jogadores que encerraram a partida sem condições de atuar.

Figura 3 - Nahuel Ferraresi logo após a disputa pela posse contra atacante do Palmeiras, caído, pedindo atendimento médico e substituição.
Desta maneira, com o alto número de lesões em todas as equipes do futebol brasileiro, a forma na qual o departamento médico de cada time tratava de tais problemas passou a ser pauta de debates. A aplicação da biofísica pode controlar ainda mais os desfalques de cada equipe, tais como os equipamentos utilizados pela equipe médica para o tratamento do atleta e as recomendações para recuperação de lesões. Materiais de primeiros socorros como curativos, esparadrapos e gelos instantâneos; máquinas de diagnósticos como aparelhos de ultrassom, ressonância magnética e tomografia computadorizada; equipamentos de reabilitação como bicicletas ergométricas, esteiras e bolas de fisioterapia; tecnologia de monitoramento como monitores cardíacos, acelerômetros e GPS; equipamentos de proteção como órteses, joelheiras e tornozeleiras.
O papel desses equipamentos na biofísica está relacionado principalmente ao diagnóstico, tratamento e prevenção de lesões nos jogadores. Por exemplo, os equipamentos de diagnóstico permitem uma avaliação precisa das condições físicas dos atletas, enquanto os de reabilitação ajudam na recuperação e fortalecimento dos músculos e tecidos lesionados. Já os dispositivos de monitoramento, como monitores de pressão arterial, frequência cardíaca, eletrocardiógrafos, monitores de glicose, etc; grafos auxiliam na compreensão da biomecânica do movimento, na análise da carga de trabalho e na identificação de padrões de movimento que possam predispor a lesões. Enquanto isso, os equipamentos de proteção visam minimizar o impacto das forças externas sobre o corpo dos jogadores, reduzindo assim o risco de lesões durante as atividades esportivas. Contudo, mesmo com esses conhecimentos de engenharia biomecânica, o que falta para diminuir a frequência de lesões?
A redução do calendário de jogos e campeonatos assim como a mudança do gramado nos estádios são difíceis de serem atingidas, mas a agilidade na recuperação dos atletas e no que isso pode ser diferenciado entre clubes com mais ou menos recursos é algo a ser analisado. Uma solução é o uso dos exoesqueletos dentro da área médica. Os exoesqueletos são estruturas externas vestíveis que oferecem suporte mecânico aos movimentos do corpo. Eles são projetados para aliviar a carga sobre os músculos e articulações, reduzindo assim o risco de lesões relacionadas à sobrecarga ou fadiga muscular. No contexto do futebol, um exoesqueleto adaptado poderia ser usado durante os treinos e até mesmo durante os jogos para fornecer suporte extra aos músculos das pernas, quadril e região lombar dos jogadores. Isso poderia ajudar a prevenir lesões musculares, como distensões e rupturas, especialmente durante situações de alta demanda física, como corridas intensas, mudanças rápidas de direção e saltos.
Além disso, exoesqueletos poderiam melhorar o desempenho dos jogadores. Ao reduzir a fadiga muscular e aumentar a estabilidade das articulações, os jogadores mantêm um desempenho mais consistente ao longo de uma partida, e sua capacidade de correr, chutar e driblar em alto nível por mais tempo. No entanto, é importante notar que a implementação de exoesqueletos no futebol enfrentaria desafios técnicos e práticos, como o design de dispositivos leves e confortáveis que não interfiram na liberdade de movimento dos jogadores e que possam ser facilmente adaptados ao uniforme esportivo. Além disso, seria necessário realizar estudos e testes rigorosos para avaliar os benefícios reais e os possíveis efeitos colaterais do uso de exoesqueletos no contexto específico do futebol.

Figura 4 - Exoesqueleto, equipamento esportivo utilizado por muitos atletas visando melhora de desempenho individual e evitar lesões.
O exoesqueleto já foi testado e concretizado em alguns esportes, e os dados apontados antes e depois pelos atletas afirmaram que houveram aumento de desempenho e performance. No Ski, por exemplo, atletas passaram a praticar utilizando o exoesqueleto, facilitando e ajudando-os na realização de movimentos como agachar e levantar durante o Carving (técnica no Ski que consiste em fincar as laterais dos skis dentro da neve, ao aplicar forte pressão ao agachar). Desta forma, a diretoria dos clubes de futebol brasileiro poderia investir na engenharia biomecânica visando evitar o alto número de atletas lesionados e o aumento de desempenho dos jogadores dentro do campo, já que para outros esportes a utilização de tal equipamento comprovou uma melhora de desempenho.
Obviamente, um clube de futebol não pode utilizar de tal benefício sem antes consultar a CBF (confederação brasileira de futebol), que permitirá ou não o uso do equipamento. Como as vantagens são reais, clubes que não contam com uma boa estrutura financeira poderiam ser mais prejudicados e clubes financeiramente confortáveis beneficiados. Entretanto, é evidente que a tecnologia tem que trazer e ser usada em prol da evolução inclusive dos esportes. De fato, pode permitir melhores condições àqueles atletas e clubes melhor alavancados, todavia, por que frear o desenvolvimento? Ele amplia o espírito esportivo fazendo uso da biofísica, pois incentiva a concorrência entre os clubes. Essa reflexão, nada detentora de impor verdades mas abrir a debates sobre o uso da biofísica no futebol, pois poderá trazer benefícios, evitando lesões e melhorando o desempenho individual dos atletas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Imagens:
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