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  • Foto do escritorAlexandre Casagrande

Alergias: o que são e como acontecem?

Texto adaptado e traduzido de Immune por Philip Dettmer.


O que te causa alegria? Muitos começariam a pensar sobre amigos, família, música etc, até perceberem que estão preenchendo uma ficha médica e a questão se trata de alergia (e que talvez tenham um leve grau de dislexia). Mas a questão continua, por que alguns temem amendoins como se fosse uma bomba?


Tudo começa com o maravilhoso sistema de defesa, o sistema imunológico!


Uma das maiores, e talvez mais conhecidas, partes desse sistema são os anticorpos, proteínas em formato de “Y” que “grudam” em patógenos (Agentes estranhos ao corpo que fazem mal), ajudando células imunes a exterminar a ameaça (nesse caso o anticorpo responsável é chamado de IgE). O problema começa quando um pedaço inofensivo de amendoim é visto como uma ameaça digna de um DEFCON 1 (nível de alerta máximo do exército americano).



Representação artística do anticorpo IgE por http://etheses.whiterose.ac.uk/2040/2/Sabban,_Sari.pdf

Para simplificar, vamos olhar o caso de hipersensitividade, quando a reação alérgica ocorre logo em seguida à exposição. Muitas vezes, o processo alérgico tem duas etapas, a primeira é o encontro, na qual seu corpo vê você comendo um camarão e pensa “Yep, essa é a coisa mais perigosa de todos os tempos” e faz com que suas células B comecem a criar anticorpos para combater essa “ameaça” que bota bombas nucleares de joelho. O problema não são os anticorpos em si, mas sim quando eles se ligam aos mastócitos, células cheias de agentes inflamatórios prontas para fazer seu corpo inchar como um bote salva-vidas de emergência chamadas de histamina. É engraçado pensar que uma doença como ebola (Zaire ebolavirus) leva dias para nos matar, mas nosso sistema imune consegue fazer isso em 15 minutos. Para nossa sorte (e extremo azar) os mastócitos se localizam onde infecções são mais prováveis de ocorrer, ou seja, pulmões, pele e intestino, todos os lugares em que uma inflamação descontrolada não seria tããão legal.



Mastócitos em roxo escuro por https://en.wikipedia.org/wiki/User:Ayman_Qasrawi

Agora vem a segunda etapa, o reencontro. Uma vez que suas bombas de histaminas estão prontas e armadas, é uma questão de tempo até que você se delicie com um camarão de novo. Quando as proteínas do alimento são detectadas, os IgE ativam os mastócitos que passam por um processo chamado “Degranulação”, basicamente, eles vomitam sua carga, causando inflamação, vermelhidão e um aumento significativo de pressão no sangue em várias áreas do corpo ao mesmo tempo e como se já não bastasse, a histamina manda um sinal para células a produzirem muco extra (cortesia para dificultar sua respiração), em alguns casos, músculos lisos no seu pulmão podem começar a contrair, tornando o ato de inalar mais e mais difícil. O pior que pode acontecer agora é um choque anafilático que te mata em alguns minutos.


Ok… tá bem, você deve tá odiando os mastócitos com todas as suas forças, mas saiba que eles não fazem isso sozinhos, há um outra célula chamada Basófilo. Quando os mastócitos esgotam suas reservas e precisam recarregar, os basófilos entram em ação e fazem com que a reação não acabe tão rápido, sendo o responsável pela segunda onda de sintomas. Mas há mais uma célula que torna um camarão digno de um título de organização terrorista: o Eosinófilo, um cara que fica ao pela medula óssea até ser chamado e leva o seu tempo para chegar no local do desastre e, como os outros dois, faz da sua vida um inferno ao prolongar a inflamação e todo o resto.



Basófilos em roxo escuro por https://www.biomedicinapadrao.com.br/2016/07/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-os.html

Talvez você esteja se perguntando por qual razão divina seu corpo faria isso com você e a resposta é (rufem os tambores)…NÃO TEMOS A MÍNIMA IDEIA!!! Mas pelo menos podemos ter conforto no conhecimento a respeito da função dos IgE quando eles não estão tentando matar a gente: eles são as Wunderwaffen (super armas) do sistema imune contra parasitas que são grandes demais para os fagócitos, macrofágos ou neutrófilos darem conta, como minhocas parasíticas (anelídeos e platelmintos).


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