A história do Brasil está profundamente ligada ao desejo de superar seus limites terrestres. Em 1906, o mineiro Santos Dumont conquistou os céus franceses com seu famoso 14 Bis, o primeiro avião capaz de voar e pousar perfeitamente e hoje, nosso país faz parte de um seleto grupo de oito Estados que já construíram um foguete através de um programa espacial próprio.
[1] momento da decolagem do 14 Bis
Em 1961, o Brasil tornou-se o terceiro país do mundo a iniciar seu programa espacial, ficando atrás apenas das duas maiores potências da época, os Estados Unidos e a Rússia. Sua criação foi uma decisão do então presidente Jânio Quadros, dando início aos investimentos no setor para aprofundar pesquisas sobre o desenvolvimento de novas tecnologias e, assim, explorar as vantagens oferecidas pelo ramo. Seis anos depois, o Brasil teve sua grande conquista: o lançamento inaugural de seu primeiro foguete, o Sonda 1.
[2] Foguetes da família Sonda. Da frente para o fundo, os foguetes Sonda I, II, III e IV.
Nos anos que se sucederam, o projeto continuou evoluindo e, como em toda a ciência, teve sucessos e fracassos. Finalmente, em 1979, foi criada a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), um programa de grande porte, com o ambicioso objetivo de formar uma rede espacial completamente independente e qualificada, aumentando a autonomia nacional na indústria. Entre as metas estavam a projeção de áreas de veículos lançadores e a montagem de satélites para a coleta de dados ambientais e sensoriamento remoto. No entanto, para transformar esse projeto em realidade, o capital necessário seria bilionário, e, devido a isso, o plano não saiu do papel.
Apesar dos empecilhos econômicos, o Brasil possui uma vantagem em relação aos demais países: as suas condições climáticas e geográficas, isso pela proximidade com a linha do Equador, estações bem definidas e não sofrer de problemas como vulcanismo e tremores de terra. Isso levou à construção de dois centros de lançamentos, os Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) e o de Alcântara (CLA). É esperado que ocorra um aumento de operações nessas plataformas, através de parcerias binacionais que visam a prosseguir os avanços das explorações do cosmos, fazendo com que o país se torne um membro de destaque da corrida aeroespacial.
Com a nova era que se aproxima, a chance de crescimento do Brasil na economia é agora. Além de possuir bases para os foguetes, o país é uma potência no agronegócio, na produção de bioenergia e na mineração. Neste contexto, a sua abundância de recursos será essencial para as longas missões espaciais. Mais ainda, mesmo que distante, é notável a importância desses recursos durante possíveis projetos de expansão, como as aclamadas colonizações interplanetárias.
Há poucos meses, a Virgin Orbit, empresa de lançamentos espaciais do bilionário Richard Branson, anunciou a abertura de uma subsidiária no país, sendo a quarta empresa autorizada a realizar lançamentos a partir do CLA. Em comentário, a companhia menciona que sua vinda "dará à base de Alcântara a oportunidade de se tornar um dos únicos espaçoportos continentais do mundo capazes de atingir qualquer inclinação orbital".
A organização opera através do sistema LauncherOne, um mecanismo de lançamento orbital de dois estágios, projetado para transportar cargas úteis de até 300 kg. O foguete é levado para a atmosfera superior pelo Cosmic Girl, um modificado Boeing 747-400. Ademais foi o primeiro foguete lançado com combustível líquido, utilizando de propelentes à base de produtos químicos, baixando o custo e diminuindo os danos ao ambiente .
[3] Mecanismo de decolagem dos foguetes da Virgin Orbit
Além disso, o governo brasileiro abriu uma licitação para promover uma série de melhorias e adequações na base, com o objetivo de possibilitar, ainda este ano, o primeiro voo doméstico saído de solo brasileiro. Essas iniciativas fortalecem a presença do Brasil no cenário espacial mundial, abrindo caminho para projetos de grande impacto.
Recentemente, o Brasil alcançou mais um marco importante: no dia 21 de março de 2023, ocorreu, com sucesso, o lançamento de um foguete na Base de Alcântara, levando a bordo uma carga útil 100% brasileira, desenvolvida em parceria pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e pela startup sul-coreana Innospace. Este evento permite confirmar a Base de Alcântara como um polo lançador de baixo custo, cumprindo um antigo objetivo de internacionalizar operações no país e criar independência nacional no setor.
Impressionante, bem escrito e revelador.
Muito bom!
Sensacional.
Bom